Olho D'água do Borges/RN -

Um fracasso que começou há um ano

José Serra admitiu, às 22h40 do domingo, uma derrota que começou a ser desenhada há quase um ano. Desde que o ex-governador paulista titubeou sobre as chances de sucesso da própria candidatura, ainda no fim do ano passado, pouco antes de decidir desafiar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas, a segunda tentativa do tucano em chegar ao Palácio do Planalto começou a ganhar contornos de fracasso. Pressionado pelos números - e pela ameaça de retorno de Lula em 2014 - Serra entendeu que, aos 68 anos, teria a chance derradeira de chegar à Presidência.

Abandonou a reeleição certa ao Palácio dos Bandeirantes para tentar o cargo para o qual havia "se preparado a vida inteira". Derrotado, deve manter grande influência sobre os rumos do PSDB nos bastidores, mas dificilmente retornará ao papel de protagonista.

No campo da costura política, o fracasso pode ser explicado, em especial, à divisão interna na aliança em torno de Serra. Os dois principais partidos da oposição, PSDB e DEM, nunca sentaram à mesma mesa desde o início da corrida eleitoral. A centralização excessiva do comando de campanha nas mãos dos tucanos fez com que a sigla ficasse isolada na tarefa de eleger o candidato. Pelo quadro mostrado nas urnas na noite do domingo, o revés revelou-se na incapacidade de Serra em ganhar terreno nos três principais nós detectados ao fim do primeiro turno: a ampla vantagem de Dilma Rousseff (PT) no Nordeste, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro.

A estratégia de escalar o senador recém-eleito Aécio Neves (PSDB-MG) e o novo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para visitar diversos estados serviu mais para pavimentar uma futura candidatura de ambos à Presidência do que para reduzir a vantagem da petista. Para o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), a demora do partido em escolher o presidenciável também teve contribuição decisiva para a derrota. "Agora, o próximo nome do PSDB à Presidência será escolhido dois anos antes do pleito, ou seja, em 2012", anunciou Guerra.

Com o naufrágio do projeto de chegar à Presidência, Serra deve se inserir na oposição em papel mais restrito ao partido, semelhante ao exercido pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no próprio PSDB e pelo ex-senador Jorge Bornhausen, no Democratas. Os dois atuam hoje como eminências pardas nas legendas. Com o novo revés, Serra perde espaço na sigla para lideranças mais novas e com discurso moderno, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin. 

Diario de Natal

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