O período de março a maio deste ano terá mais chuvas do que o normal na região Nordeste. Durante a 3ª Reunião de Análise e Previsão Climática para o Semi-Árido, que reuniu meteorologistas de diversas localidades do país, os estudiosos chegaram à conclusão de que o período terá chuvas acima da média anual na região, que é de aproximadamente 750mm por ano. O resultado será detalhado hoje de manhã pelos técnicos e repassado para os setores competentes do Governo do Estado. O objetivo, de acordo com os próprios meteorologistas, é dar subsídios ao Poder Público fazer o planejamento necessário.
Durante a reunião que ocorreu em janeiro, em Fortaleza, os meteorologistas já haviam identificado o fenômeno conhecido como “La Niña”, que é o resfriamento das águas de superfície do Oceano Pacífico. O fato já indicava uma maior possibilidade de chuvas no Nordeste brasileiro. No entanto, a situação das águas no Oceano Atlântico, durante a reunião em Fortaleza, ainda estava indefinida. Somente na reunião que ocorreu em Natal os técnicos identificaram a tendência de resfriamento do Atlântico Norte e aquecimento do Atlântico Sul.
De acordo com os meteorologistas, “La Niña” associado à tendência de resfriamento do Atlântico Sul e aquecimento do Atlântico Norte, demonstra que o período entre março e maio tem tendência de chuvas na média ou acima da média no Semi-Árido do Nordeste. No Rio Grande do Norte, a região estudada corresponde ao Oeste, Central e parte do Agreste. O resultado, que será apresentado hoje, demonstra que há 45% de chances de chuvas na média para o período, 40% acima, e 15% de chances de chuvas abaixo da média.
bate-papo - » José Maria Bravo - meteorologista da Funceme
“Tendência de um ano seco é baixa”
Qual foi o resultado da reunião?
Observamos que a tendência de resfriamento das águas do Pacífico, caracterizadas no fenômeno “La Niña”, que já havíamos detectado na reunião em Fortaleza, se confirmou. Na reunião de Fortaleza tínhamos “La Niña” bem configurada e o Oceano Atlântico estava indefinido. Agora observamos a tendência de resfriamento das águas no Atlântico Norte e o contrário no Atlântico Sul, que tem a tendência de esquentar.
No que isso implica?
Nos dá a expectativa que teremos chuvas na média ou acima da média no período de março a maio. A tendência de um ano seco é baixa. No quadro observado, e como a previsão é uma questão de probabilidade, as chances são de 45% para chuvas na média, 40% acima da média e 15% abaixo da média no Semi-Árido.
É possível prever a intensidade das chuvas com base nesse estudo?
É possível dizer que o período é propenso a chuvas acima da média. Elas podem ser mais frequentes ao longo do dia e também intensas, mas elas não dependem muito da qualidade do ano, e sim da formação do tipo de nuvem. Mesmo em ano seco, pode ter alguns dias que chova intensamente. Mas há uma tendência maior a chuvas mais intensas em períodos como esse que teremos. A ciência não nos permite fazer prognósticos, por isso a análise é probabilística. Como cada região tem uma média nos três meses, se sabemos que o período de previsão é de chuvas acima da média, o total de chuvas do período deve ser em torno da média ou superior.
Qual a importância desse tipo de estudo?
É importante para nortear as políticas públicas e um planejamento das ações. Por exemplo, quando há essa tendência de chuvas na média ou acima, os maiores reservatórios que já estão com boa parte da capacidade de armazenada podem passar por um controle de comportas para evitar enchentes. Para a agricultura, é importante para o planejamento, que pode fazer com que os produtores optem por culturas que tenham maior resistência a estresse hídrico.
É possível prever problemas como os que ocorreram em 2008 e 2009 no Estado?
Essa comparação não dá para ser feita porque a cada ano a distribuição de chuvas tem uma característica.
Fonte: Tribuna do Norte
Olho D'água do Borges/RN -
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