O 12º Batalhão de PM em Mossoró onde estariam "amontoados" 600 homens (Carlos Costa)
Se um supermercado faz propaganda
enganosa, pode responder pela mentira, conforme a lei. E se o Governo do
Estado faz o mesmo, não ocorre nada?
Governo do Estado do Rio Grande do Norte
despeja milhares de reais em propaganda, dizendo que o 12º Batalhão de
Polícia Militar (BPM) de Mossoró tem 600 homens. Mentira deslavada.
O próprio prédio alugado à saída da
cidade, na BR-304, sentido Mossoró-Natal, não tem condições de abrigar
600 homens. O Estado apenas dividiu o 2º BPM, que já existia, aumentando
gasto no sentido de fabricar uma falsa sensação de investimentos em
segurança pública. Só.
Na prática, existe quantitativo menor de policiais nas ruas, graças também a essa fantasia burlesca.
O Rio Grande do Norte, segundo o
comandante geral da PM, coronel Araújo, tem déficit de quase 4 mil
policiais militares. Como Mossoró recebeu 600? Absurso.
No dia 12 de agosto último, numa
conversa telefônica com o coronel Araújo, ele me afirmou taxativamente
que o 12º Batalhão teria cerca de 80 homens, para gradualmente chegar
algo em torno de 200. Veja AQUI.
Confio no coronel. As informações que possuo, sobre ele, realçam um
perfil de homem sério, reputação ilibada e que detém pleno respeito em
meio à tropa.
A publicização de seus atos é princípio
do serviço público, mas não a propaganda enganosa, fajuta, criminosa,
com intuito de ludibriar o cidadão. Isso é falta de respeito, uma
postura criminosa, com verniz nazista. Faz-se a velha aposta de que uma
mentira pode ser repetida exaustivamente, até ganhar status de verdade.
O Ministério Público tem o dever de
agir, questionando a informação, cobrando lisura na propaganda. Se
visitar o 12º BPM vai constatar isso. Se pedir ao seu comandante a
relação do pessoal que está destacado no local, com horários etc., não
terá dificuldade em identificar a enganação.
É espalhada uma ideia, para o RN, de que
em Mossoró há segurança, reforço militar, quando não é verdade. Não
chegou um único policial em reforço à segurança pública, na condição de
efetivo, neste 2011. Ocorreram ações quixotescas e pirotécnicas, para
“inglês ver”.
Do ano passado para os primeiros meses de 2011, o 2º BPM perdeu cerca de 270 PM´s que se transferiram para outras cidades.
A propaganda séria, honesta, que
informa, presta utilidade pública e cientifica ações do poder público,
precisa ser incentivada. Essa, não. O que o Estado propaga é carregado
de cinismo, desrespeito ao dinheiro público e um insulto à sociedade.
O 2º BPM de Mossoró tinha cerca de 40%
do efetivo que precisaria. Com a divisão para o 12º BPM, deve estar com
20% e uma tropa sobrecarregada.
Os PM´s, em Mossoró, estão submetidos a
um regime de maus-tratos, com cargas de trabalho desumanas, poucos
veículos e combustível. A remuneração, sabemos, não é lá essas coisas,
diante da obrigação de ser o escudo, o anteparo do contribuinte.
Em entrevista à TV Mossoró e FM 93, no
final do mês passado, a própria governadora Rosalba Ciarlini (DEM) disse
textualmente que o 12º estrearia com 600 homens. Falou com a
naturalidade e segurança de quem sabe que não seria contestada. E não
foi. Pelo menos ao vivo, no ar.
Até quando a sociedade vai aceitar ser
enganada de forma tão vil? Ontem morreram mais duas pessoas. Um pobre
garçom e um bandido. Hoje serão mais quantos? O jornalista Cézar Alves –
que narra esse mais novo episódio de violência urbana (AQUI) – assinala que chegamos a 165 homicídios. Por enquanto.
O Governo do Estado – no projeto de
orçamento para 2012 – prevê aumento de 120% em recursos para a
propaganda. Se for para enganar, é um crime sem perdão, inaceitável. Se
for utilizada para informar, esclarecer e prestar contas, sob o alicerce
da verdade, atenderá à lei e ganhará uma aura de responsabilidade.
O que temos aí é acintoso. Mossoró não merece; o Rio Grande do Norte, também.
Fonte: Carlos Santos
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