Quilombo do Jatobá, no municipio de Patu -RN
Ontem(20),
no Brasil, se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, uma data
que marca a grande influência negra num país que abriga muitas raças.
Porém, essa consciência sobre a própria cor da pele dá lugar ao racismo
e ao preconceito. Uma realidade que vem se modificando nas comunidades
quilombolas espalhadas por vários cantos do País.
Um exemplo de consciência negra pode ser comprovado na Comunidade Quilombola do Sítio Jatobá, zona rural do município de Patu, Médio-Oeste do Rio Grande do Norte, onde mais de 80 negros convivem em perfeita harmonia em regime comunitário, dando um verdadeiro exemplo de vida em sociedade.
Segundo a presidente da Associação dos Moradores da Comunidade
Quilombola do Jatobá, Sandra da Silva, todas as famílias que residem no
sítio mantém um relacionamento harmonioso. "Aqui todo mundo se ajuda e
se alguém tem uma dificuldade, todos ajudam e o trabalho também é
realizado de forma comunitária", explicou.
Sandra ressalta que a Comunidade Quilombola do Jatobá recebe incentivo
de ONGs, da Prefeitura de Patu e do Incra. Devido a organização das
famílias quilombolas, a Comunidade do Jatobá será a primeira no Estado a
receber título de terra destinado a comunidade negra. "A entrega
destes títulos de terra aos moradores acontecerá em breve", frisou
Sandra.
TRABALHO COMUNITÁRIO - As famílias quilombolas do Jatobá sobrevivem basicamente da agricultura e recentemente foi implantado o projeto Horta Comunitária, onde um grupo trabalha no cultivo de verduras e hortaliças. Parte da produção é destinada ao consumo e a outra parte é comercializada em feiras.
TRABALHO COMUNITÁRIO - As famílias quilombolas do Jatobá sobrevivem basicamente da agricultura e recentemente foi implantado o projeto Horta Comunitária, onde um grupo trabalha no cultivo de verduras e hortaliças. Parte da produção é destinada ao consumo e a outra parte é comercializada em feiras.
Sandra explica que toda semana um grupo de agricultores da comunidade
quilombola do Jatobá participa de uma feira de produtos orgânicos,
realizada no Centro de Patu. Na lista de produtos cultivados pelos
quilombolas estão: tomate, cebolinha, coentro, alface, pimentão, pimenta
de cheiro, beterraba, cenoura, entre outros. O projeto da horta da
comunidade quilombola de Jatobá recebe apoio técnico de um engenheiro
agrônomo da cidade de Messias Targino.
Além da horta, a associação da comunidade também desenvolve um programa
voltado para a geração de emprego e renda atualmente investindo na
produção de polpa de fruta para comércio. Sandra explica que o processo
de produção de polpa já possui registro e precisa apenas de uma
liberação para ser destinada à merenda escolar nas escolas da região.
"Somos bem assistidos aqui e somos todos felizes", acrescentou.
Primeira família chegou à comunidade há seis décadas
Apesar de receber o reconhecimento como uma comunidade negra há poucos anos, a primeira família quilombola chegou ao Sítio Jatobá há seis décadas. Segundo a matriarca da família Aquino Silva, Ducília de Aquino, 81 anos, quando veio morar na comunidade tinha apenas 12 anos de idade. "Morávamos na fronteira com a Paraíba e meu pai nos trouxe pra cá onde moro até hoje", lembrou.
Apesar de receber o reconhecimento como uma comunidade negra há poucos anos, a primeira família quilombola chegou ao Sítio Jatobá há seis décadas. Segundo a matriarca da família Aquino Silva, Ducília de Aquino, 81 anos, quando veio morar na comunidade tinha apenas 12 anos de idade. "Morávamos na fronteira com a Paraíba e meu pai nos trouxe pra cá onde moro até hoje", lembrou.
O pai de Ducília, João Luís de Aquino, foi o fundador da comunidade e a
casa onde ele criou os filhos existe até hoje e é habitada pelos
filhos, netos e bisnetos. Ducília é considerada uma líder da
comunidade, teve 17 filhos, mas somente quatro estão vivos e atuou como
parteira durante muitos anos. Hoje, passa a maioria do tempo
observando o dia a dia dos filhos, netos e bisnetos. Mas, ressalta que
quando jovem gostava muito de dançar.
As famílias de negros que residem no Jatobá seguem a religião católica e
têm como santo padroeiro São Benedito. "Temos uma capelinha aqui onde
acontecem as missas uma vez por mês com o padre de Patu", acrescentou
Ducília.
Anualmente todas as famílias da comunidade quilombola do Jatobá se
reúnem para celebrar o Natal, e neste ano Sandra relatou hoje, para
comemorar o Dia da Consciência Negra também haverá uma comemoração.
"Vamos fazer uma comemoração mais simples, mas a data não passará em
branco", prometeu Sandra.
Fonte: Gazeta do Oeste
Parabéns à comunidade Quilombola do Jatobá. Um exemplo de que podemos formar estruturas comunitárias alternativas, não tão influenciada por fatores externos aos seus integrantes.
Salve. Salve.
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