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Nevaldo Rocha: um caraubense na Forbes

É de Caraúbas, interior do Rio Grande do Norte, o 20° mais rico do Brasil e ocupa a 491ª. posição no mundo, segundo revista Americana Forbes. Nevaldo Rocha, hoje com 83 anos, fugiu de casa há exatas oito décadas para tentar a sorte em Natal. Teve sorte e padrinho. Com faro e jeito para os negócios, conseguiu acumular um patrimônio de U$ 2,5 bilhões de dólares, o que, segundo o próprio, declarou ao Novo Jornal, de Natal, "um verdadeiro prêmio", não pelo dinheiro, mas pela posição social. O principal destaque em fortuna em bilhões de dólares no Brasil é Eike Batista, que acumulou, no mercado de capital, fortuna de U$ 30 bilhões.
 
Nevaldo Rocha contou ao Novo Jornal que, ao chegar em Natal, por considerar que, depois de Deus, a melhor pessoa para se pedir ajuda era o governador, foi bater a porta do chefe de Estado, na época Rafael Fernandes. Não tinha um tostão no bolso. O governador não estava e terminou sendo recebido por Costa Fernandes, "Costinha", o tio do governador. Com estatura física raquítica e com sarnas no rosto, Nevaldo acredita que Costinha teve pena dele.
 
A história do menino de sardas no rosto foi contada por Costinha ao comerciante de relógios Moisés Fernann. Nevaldo contou que Moisés impôs uma condição para arranjar trabalho para ele: teria que ter onde dormir e comer. Costinha, então, teria intimado dois tios de Nevaldo que já moravam em Natal para dar comida e dormida ao menino. "E se eu chegasse atrasado, não comia mais", lembra o empresário em matéria contada ao Novo Jornal.
 
Os tios não deram atenção. Foram morar em outro local. Nevaldo arrumou uma pensão e começou a trabalhar na relojoaria, ganhando 100 mil reis por mês. Era pouco. Não dava para comer e pagar a estadia. O padrão aumentou para 120 mil e deu uma rede. Pagava também o café da manhã. Segundo Nevaldo Rocha, era gente muito boa. Nevaldo vendia relógio para os soldados americanos, que usavam Natal como base para o combate no Atlântico. Habilidoso com os negócios, começou a juntar dinheiro, aos poucos.
 
Um tempo depois, quando a Segunda Guerra Mundial terminou, Moisés Fernann precisou ir morar no Pernambuco e Nevaldo Rocha comprou o comércio de relógio. Assumiu o negócio. Essa história foi contada pela Revista IstoÉ. Os lucros foram também economizados. Em 1947, Nevaldo Rocha fundou a loja de roupas A Capital, em Natal. Outro sucesso de vendas. O negócio cresceu, criou corpo. Ficou robusto. Foi transformado no Grupo Guararapes.
Em 1979, o grupo comprou a rede Lojas Riachuelo, assim, expandindo-se para o mercado do comércio e varejo. Entre 1987 e 1989, centenas de trabalhadores se manifestaram exigindo melhores condições de trabalho, chegando a paralisar suas atividades na greve geral organizada pela CUT em 1987. Nessa época, tinha loja e fábrica de roupa em Mossoró. Já empregava milhares em várias capitais e cidades de médio porte.

 
A crise fez reduzir o número de fábricas, mas não o patrimônio. Na verdade, usou a habilidade para pagar as dívidas, que se aproximava dos R$ 50 milhões, e retomar os negócios com lucro. Pediu trégua aos credores de um ano, reorganizou as lojas Riachuelo pelo país e as desvinculou, em parte, do Grupo Guararapes. Comprou as marcas Wolens e Pool. Atualmente, tem fábricas em Fortaleza, São Paulo e Natal, onde emprega aproximadamente 40 mil pessoas, sendo que dessa quantidade 50% em Natal, onde também é dono do Shopping Midway Mall.
 
O caraubense se mostrou surpreso e orgulhoso com seu nome relacionado na Revista Forbes. "É um verdadeiro prêmio. De tantos brasileiros, do Rio até Manaus, eu ser o mais destacado é uma satisfação muito grande. É um reconhecimento ao meu trabalho. E não é nem pelo fato do dinheiro; é pela posição", relatou aos repórteres Louse Aguiar e Ney Douglas do Novo Jornal.

Fonte: Jornal de Fato
 

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