Fortaleza (Adital) - O
sertanejo sabe conviver com a seca e, diante de um longo período de estiagem,
como o que se abate pelo semiárido brasileiro, faltam investimentos
governamentais para garantir qualidade de vida aos agricultores. Diante desse
cenário, o lema do governo de combater a seca "é retrógrado",
enfatiza o agrônomo Márcio Moura à IHU On-Line. Segundo ele, a "seca é
cíclica, e devemos aprender a conviver com as adversidades de um fenômeno que é
natural".
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail,
Moura critica a transposição do Rio São Francisco, e frisa que se trata de
"mais uma ilusão do governo, que acredita que se combate a seca com
superestruturas, em vez de investir nos sistemas familiares, que já possuem uma
dinâmica produtiva, a qual está relacionada com a segurança alimentar, com a
comercialização e com integração com o meio ambiente". Para ele, a cultura
assistencialista presente no semiárido dificulta o desenvolvimento da região.
"As pessoas vendem o seu voto por uma carga d'água de carro-pipa,
remédios, cimento. Por causa desse sistema, são eleitas pessoas com pouca
capacidade de gerir em consenso com a sociedade, mas com muita capacidade de
enriquecer ilicitamente", assinala. Os programas governamentais, como
Bolsa Família, Garantia Safra, Bolsa Estiagem, complementa, auxiliam na compra
de alimentos, mas "não resolvem o problema, apenas transferem para a
próxima geração, pois não são políticas concretas, que consigam que esses
excluídos possam ter acesso aos direitos humanos, econômicos, sociais,
culturais. Na verdade, é uma maquiagem".
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