Com as chuvas de 2008, 2009 e 2011, o setor chegou a
praticamente interromper as operações de comércio exterior. A retomada se deu
no início deste ano. A produção de sal, que cai em períodos chuvosos, subiu em
função da seca e permitiu aos salineiros estocar e comercializar o excedente em
2013.
A ideia, segundo Aírton Torres, presidente do Sindicato da Indústria do Sal no
Rio Grande do Norte, é exportar entre 160 mil toneladas e 320 mil toneladas
este ano. O volume parece alto, mas não chega nem a 50% do exportado pelo setor
durante o pico das exportações (800 mil toneladas).
Aírton explica que é preciso reconquistar os clientes estrangeiros para só
então aumentar o volume exportado. Boa parte do sal que já deixa o Rio Grande
do Norte vai para África, Europa ou países da América, como Estados Unidos e
Canadá. Além de ir parar na mesa dos compradores, o sal marinho produzido pelo
RN é usado na indústria química e no degelo de estradas de países com inverno
rigoroso.
A retomada das exportações se dá no período em que as salinas tentam se livrar
das sanções impostas pelo Ibama. Acusadas, entre outras coisas, de produzir em
Área de Proteção Permanente, 30 salinas potiguares ainda tentam cancelar as
multas aplicadas pelo órgão ambiental. O setor tem reunião agendada com a
ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, no dia 2 de abril.
A reunião, que também contará com a participação da governadora Rosalba
Ciarlini, da bancada federal, do presidente da Câmara de Deputados, Henrique
Alves, e do presidente do Ibama, Volney Zanardi, estava agendada para ontem,
mas foi remarcada porque a ministra estava em viagem no exterior. O objetivo,
segundo Aírton Torres, é tentar cancelar as multas aplicadas pelo Ibama, que
somam R$ 80 milhões. Procurado pela reportagem, o Ministério do Meio Ambiente
disse que quem comenta o assunto é o Ibama.
Concorrência com produto chileno preocupa
As multas não são o único motivo de preocupação do setor. Os salineiros
potiguares, que respondem por 95% do sal marinho produzido pelo país, também
tem se preocupado com a entrada do sal chileno a preços inferiores aos
praticados pelo mercado.
A situação não é de hoje e já se transformou em processos no Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e no Ministério da
Justiça. O processo no Ministério da Justiça foi arquivado, e o do Mdic
resultou numa decisão favorável ao setor. Os produtores chilenos que
vendem sal para indústrias brasileiras e descarregam a mercadoria no Porto de
Santos se comprometeram a aumentar o preço do sal, após a intervenção do Mdic.
Já o sal chileno que também é destinado para as indústrias, mas é descarregado
em outros portos do Brasil estão tendo o preço elevado em 35%.
Para o Sindicato da Indústria do Sal do Rio Grande do Norte, o resultado da
decisão ficou aquém do esperado. A gente
queria que o governo brasileiro fosse capaz de proibir o dumping que esse
produto faz, mas os efeitos da decisão foram muito limitados, afirma Aírton
Torres, presidente do Sindicato. A prática de
dumping ocorre quando uma ou mais empresas de um país
vendem seus produtos ou serviços em
outros países por preços
abaixo do valor praticado pelo mercado.
Fonte: Tribuna do Norte
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