A vegetação da Caatinga pode ser proporcionalmente mais
eficiente do que as florestas úmidas para absorver o gás carbônico presente na
atmosfera, em um processo natural, conhecido como sequestro de carbono. É o que
pesquisadores do Instituto Nacional do Semiárido, ligado ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação, querem provar. Para isso, iniciaram um estudo
por meio do qual foram instaladas duas estações micrometeorológicas em Campina
Grande, na Paraíba, para monitorar o dióxido de carbono absorvido pelas plantas
da região.
Segundo o físico Bergson Bezerra, pesquisador do Insa, o grupo pretende,
com os resultados, conscientizar os governos e, principalmente, a população que
vive no Semiárido sobre a importância de se preservar a vegetação nativa como
forma de mitigar os impactos das alterações no clima da região.
“Construiu-se um preconceito em relação à Caatinga, sustentado na ideia de
que ela representa um ambiente hostil e inóspito. As pessoas sempre acreditaram
que ela não servia para nada, que era melhor retirar toda a Caatinga e
substituí-la por [vegetações] frutíferas, por exemplo”, disse. “Queremos provar
cientificamente que isso não tem fundamentação”, completou.
O pesquisador defende que se o produtor rural recuperar essas áreas com
espécies nativas estará contribuindo não apenas para a “preservação do
patrimônio do Semiárido”, mas também para o combate às alterações climáticas,
por meio da absorção eficiente do carbono na atmosfera.
“Estudos revelam que as florestas tropicais têm alta capacidade de
sequestrar carbono [da atmosfera], mas elas também apresentam altos níveis de
emissão, que ocorre, por exemplo, com a queda de folhas. Já a Caatinga, não
sequestra tanto, mas emite quase nada e queremos investigar esse grau de
eficiência, que acreditamos ser maior no caso da Caatinga”, disse.
Bergson Bezerra enfatizou que os três primeiros meses de observação, já
trouxeram “resultados auspiciosos”. “Será um estudo de longo prazo, com
conclusão prevista para 2015. Mas essa observação preliminar já nos permitiu
constatar que mesmo no período seco, quando a planta fica totalmente sem folha
e com estresse hídrico, ainda há sequestro de carbono, ou seja, ela ainda
cumpre seu papel ambiental.”
Ele ressaltou que com a chegada da estação chuvosa, nos meses de maio e
junho, os pesquisadores acreditam que a atividade fotossintética será
acentuada, com sequestro de carbono ainda mais intenso.
Fonte: Agencia Brasil
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