A novela rompe-não-rompe do PMDB dos Alves com o DEM da
governadora Rosalba Ciarlini não é de todo chata. Até cumpre um roteiro
interessante sob o ponto da vista da pauta política estadual. Além de ocupar as
páginas de jornais, oferece aos palpiteiros de plantão uma gama de opções e
variedade nos comentários.
Em certo momento é que até divertido. A contagem regressiva do rompimento
que não chega é um deles.
Mas, não se pode fazer de conta que nada está existindo. Está, sim. E a
cada momento, os personagens, envolvidos na trama político-eleitoral de 2014,
vão protagonizando capítulos de acordo com os interesses – individuais ou de
grupos.
O último lance coube ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Alves. Diante de uma plateia de prefeitos e lideranças políticas, o líder
peemedebista rendeu elogios à governadora, no momento em que cogitava-se um
distanciamento dos Alves com Rosalba. E não economizou nas palavras de
reconhecimento, como: “Ela é ética, corajosa, honesta, humilde e trabalhadora.”
Daí, a pergunta tornou-se inevitável: o que Henrique quis dizer com isso?
Primeiro, a resposta simples: ele quis dizer exatamente o que pensa sobre
Rosalba: é ética, corajosa, honesta, humilde e trabalhadora.
Segundo, a leitura deixada nas entrelinhas, cabendo a cada um fazer a
tradução.
A coluna arrisca um palpite, sem querer, lógico, ser o dono da verdade:
Henrique procurou frear o ímpeto daqueles que estavam dispostos a lançar o seu
nome ao Governo do Estado e, por consequência, determinar o rompimento político
com a governadora. Não custa lembrar que, antes do encontro dos prefeitos, em
que elogiou Rosalba, Henrique anunciou o cancelamento do Encontro Estadual do
PMDB, previsto para o próximo dia 10 e que estava sendo usado por setores do
próprio partido como evento para lançamento da candidatura peemedebista.
Se é verdade que Henrique agiu para mudar o foco, até porque ainda é muito
cedo para definições, outra pergunta parece inevitável: os Alves querem mesmo
romper com a governadora? Não há como negar ou afirmar.
No entanto, uma observação precisa ser feita: os Alves só rompem para ter
candidatura própria. Não faria sentido, por exemplo, romper com o governo para
apoiar nomes avariados ou de pouco densidade eleitoral, como o da
ex-governadora Wilma de Faria (PSB) ou o do vice-governador dissidente
Robinson Faria (PSD).
Daí, mais outra pergunta: quem seria – ou gostaria de ser – o candidato do
PMDB para enfrentar Rosalba? Henrique, o ministro Garibaldi Filho ou o deputado
Walter Alves?
Esse capítulo da novela sucessão 2014 vai ficar sem resposta, por
enquanto.
César Santos
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