Denúncia atingiria o
vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves; contrato com a empreiteira na área internacional da Petrobras
teria gerado doação de US$ 8 milhões da empreiteira à campanha presidencial de
2010; autor da reportagem, o polêmico jornalista Diego Escosteguy já apontou
distribuição de pacotes de dinheiro na Casa Civil às vésperas da campanha
presidencial de 2010, o que jamais se confirmou; desta vez ele afirma que
"investigações oficiais ainda são necessárias para apurar todas as suas
denúncias", referindo-se ao lobista João Henriques, que ancora a reportagem.
Uma denúncia contra a área internacional da Petrobras é
tema de reportagem da revista Época, que chega neste fim de semana às bancas. A
matéria já vinha sendo anunciada desde o início da noite desta sexta-feira (9)
pelo jornalista Ricardo Noblat, do Globo. O autor do texto, o jornalista Diego
Escosteguy, também tuitou principais trechos da denúncia de esquema de caixa 2
do PMDB na Petrobras. A fonte de Época é o lobista João Augusto Henriques, que
denuncia cobrança de propina para fechar contratos e diz que dinheiro foi para
deputados – e até para a campanha presidencial. “Do que eu ganhasse (nos
contratos intermediados com a Petrobras), eu tinha de dar para o partido
(PMDB). Era o combinado, um percentual que depende do negócio”, diz ele.
O que Noblat publicou mais
cedo: "Levantados documentos a respeito, o repórter localizou uma espécie
de Marcos Valério do partido. Que acabou contando muita coisa. Em resumo, todos
os contratos que passavam pela diretoria internacional da Petrobras, apadrinhada
pelo PMDB, rendiam propina ao partido. Muitos deputados recebiam. O esquema
afeta, em maior ou menor grau, toda a linha sucessória da República. Dinheiro
do esquema abasteceu o caixa 2 da campanha da Dilma. Temer tinha uma
"beirada", segundo o tal operador. E o presidente da Câmara também
estava na partilha".
Época noticia que a pista inicial do suposto esquema foi um contrato assinado em 2009, em Buenos Aires, entre o advogado e ex-deputado Sérgio Tourinho e o argentino Jorge Rottemberg. “No documento, previa-se que Tourinho receberia US$ 10 milhões de uma empresa no Uruguai, um conhecido paraíso fiscal, caso a Petrobras vendesse a refinaria de San Lorenzo, avaliada em US$ 110 milhões, ao empresário Cristóbal Lopez, conhecido como czar do jogo na Argentina e amigo da presidente Cristina Kirchner. À primeira vista, o contrato não fazia sentido. Por que um lobista de Buenos Aires se comprometeria a pagar US$ 10 milhões a um advogado brasileiro, de Brasília, caso esse advogado, sem experiência na área de energia, conseguisse fechar a venda de uma refinaria da Petrobras na Argentina?”, questiona o jornalista.
E responde com acusações gravíssimas: “O advogado Tourinho era sócio dos lobistas do PMDB, que trabalhavam em parceria com Jorge Zelada, diretor internacional da Petrobras desde 2008 e, segundo João Augusto, apadrinhado do PMDB. A operação San Lorenzo, diz ele, não era um caso isolado. Era mais um dos muitos negócios fechados pelos operadores do PMDB na área internacional da Petrobras. De acordo com João Augusto, todos os contratos na área internacional da Petrobras tinham de passar por ele, João Augusto, que cobrava um pedágio dos empresários interessados. De acordo com ele, de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários era repassado ao PMDB, sobretudo à bancada mineira do partido na Câmara, principal responsável pela indicação de Zelada à Petrobras. De acordo com João Augusto, o dinheiro servia para pagar campanhas ou para encher os bolsos dos deputados. O restante, diz ele, era repartido entre ele próprio e seus operadores na Petrobras – os responsáveis pelo encaminhamento dos contratos”.
Segundo a reportagem, o dinheiro arrecadado seguia para os dez deputados do PMDB em Minas, entre eles o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães. O dinheiro também teria ido para o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, que teria recebido o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. Estes recursos teriam sido pagos pela Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras.
Todos os citados ouvidos pela reportagem negam o recebimento do dinheiro. A própria Época faz "mea culpa": "Investigações oficiais ainda são necessárias para apurar todas as suas denúncias". Diego Escosteguy é um jornalista polêmico. Ele foi autor, nos tempos que trabalhava em Veja, de matérias que não se confirmaram, como a denúncia de que funcionários da Casa Civil recebiam pacotes com R$ 200 mil em dinheiro. A nova denúncia, como ele próprio admite, ainda terá que ser comprovada.
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