Na E.E. Jean Mermoz, seis disciplinas estão sem professores
A rede estadual de ensino
conta, atualmente, com cerca de 10 mil professores e 280 mil alunos
matriculados e, embora o ano letivo já se encontre no segundo semestre, ainda
existem vazios na grade curricular de alguns estabelecimentos escolares. Um
exemplo está na Escola Estadual Jean Mermoz, no Bom Pastor, na Zona Oeste de
Natal. No turno vespertino da escola, há dias em que nove horários chegam a
ficar vagos por falta de professores.
Pelo menos seis
disciplinas - Inglês, Ensino Religioso, Artes, Matemática, Português e Educação
Física – estão sem professores. “O problema aqui é maior no horário da tarde”,
informou a coordenadora de atividade pedagógica, Mirela Monteiro. Ela admite
haver reclamações com relação ao déficit de professores por parte das mães de
alunos que pedem para trocar os filhos de turma.
O diretor da E.E.
Jean Mermoz, Francisco Varela, disse por telefone, ontem à tarde, que já
comunicou o problema da falta de professor à Secretaria estadual de Educação e
Cultura (Seec), tendo sido informado que com a aprovação na Assembleia
Legislativa da lei que permite a contratação de professores substitutos, de
forma temporária, o déficit será resolvido. “Estão aguardando o processo seletivo,
é o que me falaram”, disse.
Varela conta que a
falta de professores no caso da Escola Jean Mermoz deve-se a licenças médicas e
também porque a profissão já não é a tão atraente. “Ninguém está procurando
mais a profissão, que é meio ingrata, não é bem remunerada, existe muita
propaganda, mas na prática a conversa é outra”.
Já na Escola
Estadual Walfredo Gurgel, em Candelária, o diretor Olivério Fernandes Carlos
disse que há poucos casos em que há vazios – e, nesses casos, a grade está
sendo suplementada, inclusive, com professores da própria escola. “Aqui há
falta de alunos, no ano passado havia 300 matriculados no ensino médio, depois
que saiu a carteira de estudante, caiu para 150”, comentou Olivério Fernandes.
A secretária
estadual de Educação e Cultura, Betânia Ramalho, reconhece o déficit, mas
afirma que a pasta ainda está concluindo o levantamento global da situação.
Betânia Ramalho informou que a partir da implantação do sistema informatizado
Sigeduc, que passou a permitir um controle dos professores em sala de aula e a
realização da matricula online [inicialmente em Natal e em alguns municípios da
Região Metropolitana], está sendo feito um levantamento para identificar a real
necessidade de professores para complemento da grade curricular da rede
estadual de ensino.
Auditoria
Desde a realização
do concurso público de 2011, já foram convocados 3.723 professores. Mas todos
foram efetivados em vagas abertas com aposentadorias, segundo informou a
secretária, que estima, hoje, em 600 a necessidade de novas contratações.
Betânia Ramalho disse que esse número pode diminuir ou aumentar em função da
auditoria que está sendo concluída. O Sigeduc levantou que alguns professores
estão cumprindo carga horária a maior ou a menor do legalmente previsto.
Betânia Ramalho
admitiu que em alguns municípios, como em Ipanguaçu, no Vale do Açu, parte dos
professores está com a sua carga horária abaixo do previsto. Em outros casos,
como foi o da Escola Estadual Floriano Cavalcante, no conjunto Mirassol, na
Zona Sul de Natal, segundo ela, a direção “teve de reordenar, liberando
professores de nove turmas desnecessárias”.
Segundo ela, o
Sigeduc veio justamente para reorganizar a jornada de trabalho e a grade
curricular das escolas, acabar com distorções que, em muitas vezes, tem a
colaboração de diretores escolas. “Estamos fazendo auditoria porque existe
diretor que teima em facilitar a vida do professor, para que ele mantenha dois
vínculos”, destacou a secretária, salientando que o problema da escola pública
não é só falta de professor para administrar aula e responder pelo processo de
ensino e aprendizagem.
“Outra coisa que
não conseguimos equacionar é a frequencia descontrolada de professores
liberados em sala de aula por força de um atestado médico”, disse Betânia Ramalho,
adiantando que essa vulnerabilidade será atacada agora.
A Seec fará uso de
projeto de São Paulo, para reduzir em pelo menos 30% o número de licenças
médicas. Ela reconhece que o professor é uma das categorias profissionais que
mais adoece e mais se afasta do expediente de trabalho, mas existem casos que
se afastam do cargo no serviço público e continuam atuando na iniciativa
privada. “Esse profissional que se afasta por uma justificativa em relação a
saúde, tem de estar acompanhado e ter assistência, o Estado tem de estar junto
porque ele é decisivo, então existe problema dos dois lados”, admitiu a
secretária.
Fonte: Tribuna do Norte
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