Ex-governadoa Wilma de Farias |
A ex-governadora e atual vice-prefeita Wilma de Faria (PSB) está inclinada a entrar na disputa pelo Senado, mas voltar a governar o Rio Grande do Norte não está totalmente descartado. Nesta entrevista, ela fala sobre esse e outros assuntos, como uma análise a respeito do governo Rosalba Ciarlini.
O Mossoroense: A senhora deu a entender há poucos dias que prefere o Senado ao Governo. A senhora entende que já deu sua contribuição no Poder Executivo?
WF: Na verdade, nosso posicionamento desde o início foi em buscar ocupar uma vaga no Legislativo. A gente sempre declarou, e não foi apenas recentemente, que entendíamos que já tínhamos dado nossa contribuição no Executivo e por isso pensávamos em concorrer nas eleições 2014 para a Câmara Federal. Mas não é isso que a população deseja e que vem sendo externado nos muitos encontros que tenho tido nas ruas e através do que se constata nas pesquisas eleitorais. Então, como temos espírito público e entendemos que temos o compromisso com o melhor para nosso Estado, estamos avaliando esse chamamento popular e consultando nossas bases para tomar a melhor decisão - não para mim ou para meu partido -, mas para o Rio Grande do Norte.
OM: A senhora hoje pode se dar ao luxo de escolher os dois principais cargos da majoritária. Como a senhora se sente?
WF: Não gosto desse termo "dar ao luxo", porque o que está em jogo não é uma posição de destaque que alimente egos ou projetos pessoais, mas o interesse coletivo e como podemos melhor ajudar nosso Estado. As pessoas conhecem nosso compromisso e trabalho e estão sinalizando positivamente para o nosso nome, porque estão comparando e estão frustradas com o caos administrativo promovido pelo governo atual. Muitas pessoas não querem mais arriscar, sob pena de terem um colapso nos serviços essenciais e demais áreas que dependem da gestão estadual. Então isso é muito sério. Vemos o desespero dos servidores públicos, dos usuários dos serviços da saúde, assistência social, educação. O temor dos moradores de todos os recantos do RN com a insegurança pública. Então o que está em jogo é o resgate do Estado desse abandono administrativo e como poderemos contribuir, seja no Executivo ou Legislativo, já que é isso que os cidadãos estão esperando de nós.
OM: Qual a influência da crise do governo Rosalba nesse seu desempenho nas pesquisas?
WF: Direta. As pessoas estão comparando e vendo que fizemos muito em várias áreas, além de termos, incontestavelmente, realizado obras e ações em todos os 167 municípios do Rio Grande do Norte. Mas destacamos veementemente que não bastaria este governo estar ruim para que isso estivesse acontecendo: o nosso nome aparece em destaque porque as pessoas querem segurança administrativa e retorno de projetos importantes, sem contar que clamam por respeito e diálogo, palavras esquecidas por uma gestão autoritária, que desrespeita funcionalismo e representantes de setores econômicos fundamentais para o desenvolvimento do nosso Estado, além dos demais poderes.
OM: Uma das chapas mais comentadas é a senhora para o Senado e Fernando Bezerra para o Governo, invertendo as posições de 2006. A senhora acredita na viabilidade de Bezerra como candidato do PMDB?
WF: Fernando Bezerra é um político com serviços prestados ao Rio Grande do Norte e, portanto, já avaliado pela população. Mas quem deve analisar a viabilidade de sua candidatura é ele, assim como seu partido.
OM: A senhora tem algum veto a alianças com PT ou DEM?
WF: Como a imprensa vem noticiando, sempre declaramos que poderíamos compor aliança com grupos que fizessem oposição ao atual governo - não porque pertence à agremiação A ou B -, mas porque promoveu uma situação de caos no nosso Estado e não podemos compactuar com um desgoverno e por isso assumimos que ajudaríamos a construir um projeto de resgate. Desta maneira, tivemos reuniões com dirigentes do PT, que compactuava com nossos objetivos. Diante de mudanças no cenário nacional e possível adoção de verticalização desta outra legenda, os diálogos deixaram de acontecer. Frisamos que de nossa parte nunca houve objeção, tendo o líder do PSB, governador de Pernambuco Eduardo Campos, deixado os estados livres para fazerem as melhores composições, respeitando peculiaridades locais. Já com relação ao DEM, teríamos que ver qual o seu posicionamento. Pelo que sabemos, ainda apoia a administração Rosalba e não decidiu se apoiará sua possível candidatura à reeleição.
OM: A governadora reclama da "herança maldita". O que a senhora diz sobre isso?
WF: A "herança" que deixamos está muito clara e o povo sabe bem. Este governo não criou uma ação sequer e pior: ainda destrói os bons projetos que deixamos. O que inauguram ou implementam hoje foram gestadas na nossa administração. Todos sabem que a Arena das Dunas, Aeroporto de São Gonçalo, Barragem de Oiticica, entre outros importantes investimentos, foram não apenas projetados, mas viabilizados pelo nosso governo. Lamentamos ainda a não-continuidade das obras do campus da Uern em Natal, a paralisação do prolongamento da Prudente de Morais, sem contar a redução de Centrais do Cidadão, do Programa do Leite, Compra Direta, Centrais do Trabalhador e sepultamento do Programa de Desenvolvimento Solidário, sob argumento de criação de um outro que não sai do papel. Desta maneira, temos certeza que o homem do campo, o pequeno agricultor, o agropecuarista, o empresário do turismo, o servidor público e todos os potiguares sabem bem a "herança" que deixamos e é exatamente por isso que clamam pela nossa volta, como tenho ouvido em todos os lugares que vamos.
OM: A senhora concorda com os que defendem o impeachment de Rosalba?
WF: Sabemos que essa é uma decisão séria, porque causa implicações em toda a sociedade, e que precisa ser bem fundamentada e direcionada para que não tenhamos uma situação ainda mais dramática do que estamos passando.
OM: Como está o PSB para as eleições deste ano. O partido terá condições de ampliar espaço na Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa?
WF: Essa é a nossa meta. O PSB é um partido que cresceu muito nos últimos anos em nível regional e nacional e tem buscado ampliar seus quadros, só que impreterivelmente com qualificação, para defender, com garra - principal característica dos pessebistas - os interesses do coletivo. Temos, no Rio Grande do Norte, excelentes nomes, com históricos reconhecidos de serviços prestados e aprovação popular, que podem fazer mais pelo desenvolvimento do nosso Estado.
OM: Na sua opinião, Eduardo Campos agiu certo ao se afastar do PT e partir para uma candidatura presidencial?
WF: O presidente da nossa legenda, o governador de Pernambuco, sem sombra de dúvida, tem agido em prol do crescimento do nosso partido e hoje somos mais fortes também por causa deste trabalho sério e visionário. É inconteste sua capacidade de articulação e trabalho, que tem ajudado a melhorar a vida de milhares de brasileiros, seja inicialmente no seu estado e região e nos locais onde o PSB tem feito administrações de excelência e quem sabe podemos colaborar para o desenvolvimento de todo o Brasil. Suas ações inovadoras - aprovadas por quase 90% dos pernambucanos - podem contribuir para a evolução do país. Sem contar que a apresentação de mais possibilidades enriquece não apenas o debate democrático, mas estimula a apresentação de melhores propostas para o nosso país. Com certeza quem ganha com isso é a população.
OM: O que o próximo governador ou governadora precisará fazer para tirar o Rio Grande do Norte da crise?
WF: Trabalhar e muito. Mas com planejamento para que as ações tenham efeitos reais a curto, mas também a médio e longo prazos. Não bastará resgatar o estado do abandono. Precisamos ter em mente que precisamos retomar o trilho do desenvolvimento, lutando pela viabilização de projetos que devolvam aos potiguares os serviços essenciais, mas também tragam novas perspectivas para que possamos voltar a crescer social e economicamente.
Bruno Barreto - Editor de Política
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