Delegada Karen Lopes |
Em audiência pública na Câmara Municipal de Natal,
delegada Karen Lopes relata precariedade enfrentada pela Delegacia
Especializada em Atendimento à Mulher no Rio Grande do Norte
A influência da Copa do Mundo com o fortalecimento do
turismo sexual em Natal e a falta de políticas de proteção às mulheres foram
temas de audiência pública realizada na manhã de hoje na Câmara Municipal de
Natal (CMN). Na oportunidade, a delegada Karen Lopes, responsável pela
Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM), criticou o desserviço
do poder público nas questões de combate à violência contra as mulheres.
“Nossa estrutura é mínima. Já disse inúmeras vezes que
nossa delegacia trabalha administrando o caos. A gente finge que trabalha e as
pessoas fingem que acreditam, pois não existe em nossa cidade nenhum trabalho
mais efetivo para o combate à violência”, destacou.
Segundo dados apresentados pela vereadora Amanda Gurgel,
propositora da audiência, o crescimento do turismo sexual na África, palco da
Copa do Mundo de 2010, elevou o número de casos com mulheres para mais de 40
mil. Questionada sobre como o município pode evitar o crescimento desses casos
em Natal, a delegada foi direta: “Não existe uma política de fiscalização ou de
enfrentamento, pelo menos não que eu saiba”, disse Karen Lopes.
“Se essa política existe, ela não chegou a nossa
delegacia. Isso é uma situação grave, pois só comprova que não temos estrutura
para trabalhar esses casos de turismo sexual. Não tenho nenhum dado para passar
referente à exploração sexual aqui nos últimos anos, por exemplo, simplesmente
porque não temos meios de levantar essas informações”, avaliou.
Além da ausência de políticas públicas, a realidade precária
de assistência à mulher em Natal atinge também a forma de atuação dos
profissionais. Segundo relatou a delegada da DEAM, nunca foi oferecido aos
policiais cursos de formação na área em que atuam.
“Foi até uma surpresa para mim. Fui convidada para vir falar
nessa audiência pública sobre o turismo sexual e deveria estar preparada para
abordar o tema, mas não estou porque não me foi oferecido nenhum tipo de
curso”, destacou Lopes. “Nem a mim, nem aos policias que compõem a Delegacia da
Mulher da Zona Sul e da Zona Norte. Então, preparo a gente não tem nenhum para
atuar diante essa situação”, disse.
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