O período chuvoso no
semiárido nordestino deve acabar em meados de maio e, até lá, não terá sido
suficiente para recuperar satisfatoriamente o nível dos reservatórios
potiguares. Esta é uma previsão da Empresa de Pesquisas Agropecuárias do
Rio Grande do Norte (Emparn) para os próximos meses. De acordo com o
meteorologista do órgão, Gilmar Bristot, a agricultura tem se recuperado com as
precipitações do início deste ano, que estão dentro da normalidade. Porém os
gestores precisam se preparar para as dificuldades que serão causadas pelo
baixo volume do líquido armazenado para o resto do ano.
“Ainda temos um mês de
chuva pela frente. A regularidade delas aqui depende dos oceanos, que estão
favoráveis. Mesmo assim está chovendo pouco. Dizer se vai ter recarga desses
açudes é difícil e as autoridades precisam estar preparadas para enfrentar o resto
do ano”, coloca. Para Bristot, seriam necessárias chuvas mais constantes e
fortes para que o nível das barragens subisse. Nestes próximos dias, a previsão
é de chuva, segundo a Emparn. Elas podem ser fortalecidas dependendo do
comportamento de uma frente fria que está sobre o Estado de Minas Gerais, no
Sudeste.
Os açudes de grande porte ainda estão em
situação crítica. De acordo com os dados atualizados pelo Departamento Nacional
de Obras Contra a Seca (Denocs), a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Açu,
está com 40,15% da sua capacidade total, que é de 2,4 bilhões de metros
cúbicos. Isso é bem mais que os 34,47¨% que o reservatório apresentava há pouco
mais de 15 dias. Porém, no ano passado, em plena estiagem, o volume de água
alcançava quase 47% da capacidade no mês de Abril.
Em Caicó, o açude Itans está pior. Embora o
volume de água do reservatório, nos 15 primeiros dias do mês, tenha passado de
8,3 milhões para 12.7 milhões de metros cúbicos, isso só representa 15,6%
da capacidade do reservatório, que pode armazenar até 81.75 milhões de metros
cúbicos de água.
Entre os reservatórios monitorados pelo Dnocs, o
único que está cheio é o pequeno Açude Riacho da Cruz II, no Alto Oeste, cuja
capacidade não alcança dos 10 milhões de metros cúbicos. A sangria foi na
última semana e tem atraído até turismo.
Meteorologia
Apesar de já ter
chovido mais de 400 milímetros em 25 municípios potiguares, entre janeiro e
abril, o quadro é ainda é preocupante. Em 128, choveu tão pouco que eles
permanecem na classificação “muito seco”. Em 12 a situação é de “seco”, e em
apenas um aparece com normal; é Portalegre, no Alto Oeste, com 686,7
milímetros.
Porém, para a segunda quinzena deste mês, é
aguardada uma nova “janela de chuvas” trazida pelo fenômeno Oscilação 30-60
dias, que é a propagação de uma onda atmosférica ao longo da globo terrestre e
no Equador, causando formação de nuvens.
Aos poucos, depois de passar pela maior estiagem
dos últimos 50 anos, os agricultores e pecuaristas retomam a produção, ainda
cheios de preocupação. No ramo de fruticultura irrigada, a situação é bem
melhor que a registrada nos dois últimos anos, mas os produtores ressaltam que
ainda há um quadro de incertezas.
O volume de chuvas está acima dos registros em
igual período de 2013, mas ainda são insuficientes para garantir as condições
para uma boa safra. O pasto voltou a surgir e os pecuaristas se animam para
recompor seus rebanhos. Porém os criadores têm preocupação com o nível dos
reservatórios, o crédito e a assistência técnica no campo. Se as reservas não
forem suficientes para os próximos meses, há risco de se perder os animais.
Fonte: Tribuna do Norte
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