De acordo com Kátia Lúcia, representante da Associação de Camelôs de Mossoró (entidade que está em processo de criação), os ambulantes não se recusarão a deixar as calçadas, desde que o município se comprometa a transferi-los para um outro espaço no próprio centro da cidade.

"Não vamos fazer confusão, acontece que saindo daqui, para onde irão nos mandar? Precisamos de uma garantia. Sugestões, nós já demos, como, por exemplo, a praça Bento Praxedes, mas até agora ninguém fez nada por a gente. Se não ficarmos no centro, não temos como trabalhar", afirma Kátia Lúcia.

Segundo a representante, Mossoró possui hoje cerca de 500 camelôs cadastrados e mais 800 não oficializados. "Estamos aqui buscando o sustento das nossas famílias. Falam que estamos atrapalhando o trânsito das pessoas, mas não é verdade. Quase ninguém mais está com suas barracas nas calçadas", justifica Kátia Lúcia.

Para o ambulante Elizalvo da Rocha, que há 45 anos instalou sua barraca na rua Coronel Gurgel, a decisão da Justiça prejudica não somente os profissionais autônomos, mas também os proprietários de lojas do centro comercial da cidade. "Acho que há coisas muito mais importantes para a Justiça se preocupar. Perguntem aos donos das lojas se eles querem que a gente saia. Ninguém quer, porque são os camelôs que movimentam essa rua", diz.

A opinião de Elizalvo da Rocha também é compartilhada pelo ambulante Júnior Fernandes. Ele relata que os camelôs contribuem de maneira significativa para o fluxo de pessoas no centro de Mossoró. "A gente aqui não atrapalha ninguém, estamos só ganhando o nosso pão. Agora o comércio vai ser prejudicado com essa retirada, sem dúvidas", prevê.