Apesar das chuvas do início do ano, o açude Itans, em Caicó, está com apenas 16,29% da capacidade |
O mês de maio se aproxima
do fim e com ele vai embora as esperanças do sertanejo potiguar. O inverno
deste ano no semiárido nordestino, apesar de classificado como normal pela
meteorologia, não foi capaz de encher os reservatórios d’água no interior do Rio
Grande do Norte a índices satisfatórios. A chuva mudou a paisagem em
alguns municípios, melhorou o nível de alguns mananciais, mas o
cenário ainda preocupa.
Mesmo com as precipitações
registradas ao longo dos últimos meses, mais da metade dos açudes monitorados
pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) está com o nível
abaixo dos 20% da capacidade total. Índice considerado crítico pelos especialistas.
Além disso, nove cidades convivem com colapso no abastecimento e outros 159
municípios estão em estado de emergência devido à situação climática
desfavorável.
O Estado possui ao todo 46
reservatórios monitorados periodicamente pela Semarh. Os açudes e
barragens estão localizado nas bacias dos rios Apodi/Mossoró, Piranhas/Açu,
Ceará-Mirim, Potengi, Trairi e Jacú. De acordo com levantamento divulgado pela
secretaria na última sexta-feira, dia 16, pelo menos 24 mananciais estavam com
a situação volumétrica em estado crítico, ou seja, com menos de 20% da
capacidade total. Os dados são o extrato de monitoramentos efetuados a partir
de abril.
De acordo com a
coordenadora de Gestão de Recursos Hídricos da Semarh, Joana D’arc Medeiros, o
Estado está em alerta. Ela reconhece que as chuvas ajudaram a recuperar alguns
açudes, mas reservatórios importantes como o Gargalheiras, Itans e o açude de
Pau dos Ferros quase não acumularam água no último quadrimestre. “Houve uma
recuperação parcial, abaixo da nossa expectativa. Sabíamos que os açudes não
iriam encher, mas o prognóstico era mais animador. Infelizmente, mananciais
importantes não receberam volume de água considerável e a situação continua
preocupante”, coloca.
Em Acari, distante
201 quilômetros de Natal, o açude Gargalheiras – que tem capacidade para
armazenar 44.421.480 metros cúbicos de água – está com o volume de
4.351.712 metros cúbicos, o que representa 9,80% de sua capacidade total.
Com vazão de 150 liros por segundo, a estimativa da Semarh é a de que o açude
suporte mais quatro meses de abastecimento para os municípios de Acari e
Currais Novos.
O Açude Itans,
localizado em Caicó, a 256 quilômetros da capital, é outro reservatório em
situação alarmante. Dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do
Norte (Emparn) revelam que, entre os dias primeiro de janeiro e 16 de maio
deste ano, choveu 456,6 milímetros no local. Com capacidade para acumular até
81.750.000 metros cúbicos de água, o açude está com 16,29% da capacidade, ou
seja, 13.320.000 metros cúbicos. Água que, segundo a Emparn, suporta abastecer
as cidades atendidas pelo açude até janeiro do próximo ano. A vazão de retirada
é de 185 litros por segundo.
Já em Pau dos
Ferros, a 400 quilômetros de Natal, o principal açude da cidade, que leva o
mesmo nome do município, está com 11,16% de sua capacidade total. O
reservatório pode receber até 54.846.000 metros cúbicos de águas, mas,
atualmente, reserva apenas 6.120.746 metros cúbicos. A vazão de retirada é de
45 litros por segundo e, se continuar com essas configurações, suporta
abastecer a cidade até março do próximo ano.
Tribuna do Norte
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