Convidados para um debate sobre a educação pública do
Estado na manhã de hoje, os candidatos ao Governo do Rio Grande do Norte,
Henrique Eduardo Alves (PMDB), Robinson Faria (PSD), Robério Paulino (PSOL),
Simone Dutra (PSTU) e Araken Farias (PSL) passaram, antes, por um teste para
medir o nível de conhecimento deles sobre o assunto. E o resultado não foi nada
animador. Respostas contraditórias e genéricas foram as que mais apareceram nas
entrevistas concedidas durante o evento, ao jornalista Eugênio Bezerra, do
Jornal Verdade, da RedeTVRN.
As perguntas não foram iguais
aos concorrentes, mas se basearam, justamente, no que eles falaram a respeito
da Educação. Henrique Eduardo Alves, por exemplo, debateu sobre o problema da
evasão escolar mas, quando questionado, não soube dizer nem em quanto gira esse
número no Rio Grande do Norte.
Sobre o salário dos
professores, que todos são unanimes em dizer que é preciso haver um aumento,
nenhum deles soube exatamente de quanto é. Robério Paulino disse ser de R$ 2
mil, Araken afirmou que era de R$ 1,4 mil e Simone Dutra nem chutou. “Algo
nessa média de dois salários”, disse ela, pedindo, em seguida, para Eugênio
Bezerra cortar essa parte da entrevista.
Segundo o jornalista Eugênio
Bezerra, a intenção da entrevista com perguntas que requereram um grau maior de
conhecimento por parte dos entrevistados foi, exatamente, para testar o grau de
preparação dos adversários. “Para mostrar que eles debatem muito temas
genéricos, sem detalhar muito o assunto”, explicou Bezerra.
O debate foi promovido pelo
Instituto de Desenvolvimento da Educação. O tema do encontro, que teve a
participação da vereadora Eleika Bezerra (PSDC), foi “Educação e Políticas
Públicas de Formação de Leitores”.
LEIA OS
PRINCIPAIS MOMENTOS DA ENTREVISTA COM OS CANDIDATOS:
HENRIQUE ALVES, PMDB
Eugênio Bezerra: Durante o
debate, você falou muito sobre a questão da evasão escolar. Sabe de quanto é o
índice de evasão escolar no Estado?
Henrique Alves: Varia muito,
porque a cada ano você tem essa problemática. A cada ano tem mais alunos não
completando o seu ensino e o seu aprendizado. É uma questão grave porque não é
só você não querer estudar. Ele quer estudar, quer completar o seu ciclo, mas
muitas vezes é questão familiar. Separação de pai e de mãe, problemas
psicológicos, estruturais, financeiros, sociais. A evasão é um problema que nós
temos que tratar com muita responsabilidade.
EB: Varia de quanto a quanto,
o senhor sabe?
HA: Não tenho esse detalhe
porque varia as informações. São muito contraditórias. O governo procura se
defender dizendo ser menos. A realidade prova que é mais. Eu espero chegar ao
Governo com esses dados todos definidos com muita transparência porque não é só
para o meu conhecimento não. Eu tenho que mostrar para o Rio Grande do Norte a
realidade, que tem que ser compartilhada. A evasão escolar, o aluno saindo
porque não está conseguindo estudar, independentemente da sua vontade, é sem
dúvida um dos grandes obstáculos que nós vamos enfrentar.
ROBÉRIO PAULINO, PSOL
Eugênio Bezerra: Sabe quanto
ganha um professor no Estado?
Robério Paulino: Muito pouco,
muito pouco. Você sai com R$ 2 mil. Hoje o salário de entrada é pouco mais de
R$ 2 mil, para um professor que sai da universidade. Então, muita gente está
deixando de ser professor para fazer concurso para outras carreiras. Você pega
outro país como o Japão, os melhores profissionais querem ser professores. Aqui
não, aqui há uma evasão dos professores…
EB: O senhor sabe a quantidade
de ausência de professor do quadro ou você tem ideia de quantos existem no
Estado?
Robério Paulino: Não faltam
professores. Você tem aí 15 ou 20 mil professores no Estado, mas a questão não
é a falta. É a falta do professor ensinar. Sala de aula sem ventiladores, sem
condições. Uma merenda escolar que falta, milhares de crianças sem tomar café.
Qual é o professor que consegue dar aula para crianças com fome entre 7h e 9h
da manhã? Elas não param de ir até a janela para tentar saber o que é a merenda
e depois chegam lá e a merenda é uma porcaria. Não pode ser. Nós temos que
investir pesado na educação. Nós temos estudado muito isso. O percentual do
orçamento é em torno de 15%, e queremos algo em torno de 30%.
ARAKEN FARIAS, PSL
EB: O senhor sabe quanto ganha
um professor?
Araken Farias: O salário
básico, hoje, é em torno de R$ 1,4 mil. O que paga melhor é o município de
Parnamirim. Então ganha, inclusive, menos que um policial militar quando
ingressa como soldado. Não que o PM não mereça seu salário. Merece sim e muito
mais. Mas o professor precisa ser valorizado. Ele nasce professor, não se
torna. É uma vocação. E é preciso que a gente incentive com bons salários, com
condição de trabalho, com formação permanente, porque não pode passar por um
curso de pedagogia e encerrar seu aprendizado. Ele tem que estar em constante
aprendizado.
EB: Quantos professores
existem no Estado? Há déficit e quanto é gasto com a folha?
Araken Farias: Nós temos dados
de que há déficit sim de professores, assim como há de polícia, na saúde… Os
números exatos não tenho aqui, mas no nosso plano de governo tem todos esses
números. É preciso que se faça sim novos concursos públicos, porque muitos
professores hoje já estão se aposentando e não temos novos concursos.
ROBINSON FARIA, PSD
EB: O senhor sabe qual o
índice de analfabetismo hoje do nosso Estado?
Robinson Faria: O analfabetismo
hoje gira em torno de 15%, que é um índice muito alto, muito embora esteja na
média no Nordeste, mas no Brasil está acima da média. O nosso IDEB, por
exemplo, está entre os três piores do Brasil, tanto no ensino médio, quanto no
fundamental.
EB: O senhor sabe de quanto é
o IDEB?
Robinson Faria: O nosso IDEB,
hoje, no ensino fundamental é 3.1 e o médio de 3.4. Temos estados com a média
de 5.8, 5.7, ou seja, quase o dobro da nossa média. Temos que mudar
radicalmente. E isso não é uma tarefa fácil.
SIMONE DUTRA, PSTU
EB: A senhora sabe qual o
percentual do orçamento que está sendo aplicado na Educação?
Simone Dutra: Neste ano, o que
vem sendo aplicado é em torno de 21%, mas nós propomos é 30% da receita do
Estado para a Educação. Defendemos creches para todas as crianças de 0 a 3
anos, a escola em tempo integral e professores valorizados, porque o salário
que é pago hoje é um salário de miséria.
EB: Quanto é um salário?
Simone Dutra: O salário
nacional são dois salários mínimos.
EB: Aqui no Estado?
Simone Dutra: Não sei te
dizer, mas é mais ou menos isso… Mas você corta essa parte, né?
Fonte: Jornal D Hoje
0 comentários:
Postar um comentário