A política do Rio Grande do Norte tomou o rumo da
traição. Candidatos majoritários de coligações adversárias teriam se
mancomunado para se beneficiar mutuamente – em detrimento de companheiros de
chapa. Os bastidores revelam que, a pedido do PT nacional, o PMDB local teria
decidido estimular a candidatura de Fátima Bezerra (PT) ao Senado. Mas o
detalhe é que, oficialmente, a candidata do PMDB ao Senado é a vice-prefeita de
Natal, Wilma de Faria (PSB). Resultado: crise nas coligações de Henrique Alves
(PMDB) e Robinson Faria (PSD).
Tanto Wilma está insatisfeita
com a situação, quanto Robinson, os dois, os principais prejudicados pelo
suposto acordo tácito entre Henrique e Fátima Bezerra. Do lado de Fátima, o
apoio generoso de Henrique estaria sendo pra lá de bem-vindo. Afinal, assim ela
vai derrotar Wilma, a candidata ao Senado de Henrique. Em contrapartida, a
petista teria autorizado a publicação de uma pesquisa, do instituto Seta, na
qual Henrique vence Robinson para o governo e ela derrota Wilma para o Senado.
A autorização, feita por Fátima, teria agradado em demasia Henrique – afinal, o
instituto Seta trabalha para o PT nessas eleições – irritando bastante
Robinson, que não esperava uma traição da petista.
O fato é que Fátima sempre
quis ser a candidata do PMDB ao Senado para repetir no Estado a coligação que o
PT firmou nacionalmente com o PMDB, com Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer
(PMDB). A coligação só não foi possível nessas eleições porque a petista se
enfraqueceu internamente com a derrota no PT e também pelo fato de que o PMDB
tinha medo de Wilma desistir de ser candidata ao Senado e disputar o governo. A
ex-governadora foi atraída por Henrique e, por exclusão, Fátima fez aliança com
Robinson.
O fato é que Fátima estaria se
beneficiando de aliados do PMDB, fazendo dobradinha com Henrique em vários
municípios, com o consentimento do peemedebista, o que tem gerado a
insatisfação de Wilma. A aliada de Marina Silva diz que prefeitos da coligação
articulada por Henrique estão apoiando Fátima, e não ela, o que está sendo
danoso a sua candidatura. Wilma afirma que diversos prefeitos do DEM, que estão
na coligação com Henrique, em vez de anunciarem apoio a sua candidatura, o que
seria natural, decidiram reforçar o palanque de Fátima.
Derrotada por Garibaldi Alves
(PMDB) e José Agripino (DEM) na disputa pelo Senado em 2010, Wilma não se
imagina perdendo para Fátima Bezerra este ano. Antes da campanha, ela tinha seu
nome em alta nas pesquisas pré-eleitorais. A traição protagonizada por PMDB e
PT também teria desagradado a Robinson Faria. Além de fazer dobradinha com
Henrique em vários municípios, Fátima só estaria colando em Robinson quando é
de seu interesse.
Em Mossoró, por exemplo,
Fátima recebe o apoio do prefeito Silveira Junior, do PSD de Robinson, mas há
cidades em que o PT tem a Prefeitura, apoia Fátima, mas não vota em Robinson. A
candidata do PT não estaria fazendo nenhum esforço para pedir votos para
Robinson. Para completar, a ‘relação’ de Fátima com Henrique não é de
adversário. Algumas lideranças ligadas ao PMDB estão apoiando a candidatura de
Fátima.
Nos bastidores, comenta-se que
Henrique também não teria o interesse na vitória de Wilma. Pessoas ligadas
diretamente ao candidato estariam apenas aparentando apoiar Wilma. Mas, na
prática, esse apoio não existiria. Com o apoio a Fátima, Henrique enfraqueceria
Wilma, em cuja candidatura ele não teria interesse por força da aliança com o
PT nacional, e, por tabela, enfraquece a candidatura de Robinson, seu
adversário direto na eleição.
Wilma e Robinson já externaram
insatisfação a Henrique e Fátima, respectivamente. Até agora, porém, a questão
não foi resolvida. Em função disso, o clima não é dos melhores nas duas
coligações. O núcleo pensante da campanha de Robinson critica a postura de
Fátima, mas registra a correção do deputado Fernando Mineiro, que tem realmente
feito um trabalho pelo voto casado. Quanto a Wilma, nem mesmo o apoio de
Garibaldi tem surtido o efeito desejado a sua campanha.
Fonte: Jornal D' Hoje
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