No segundo
semestre deste ano, pesquisadores da Universidade de Franca (Unifran)
conseguiram nos Estados Unidos a patente do uso de uma planta para controle da
disfunção erétil. Testada em laboratório para produzir um medicamento com a
mesma função do viagra, a cubebina, também conhecida como pimenta-de java, pode
ajudar a resolver o problema de 50% dos homens brasileiros com mais de 40 anos
– que de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia apresentam queixas
relacionadas à dificuldade de ereção.
Originária da
Indonésia, a planta é usada como tempero e apresenta propriedades medicinais de
combate a doenças parisitárias, tais como a malária. No caso dos pesquisadores
brasileiros a aplicação ao campo da disfunção erétil aconteceu por
acaso. Márcio Luís Andrade e Silva, coordenador dos estudos, afirma que
sua equipe estava extraindo moléculas da pimenta seca para tratar o mal de
Chagas quando percebeu que os camundongos receptores da substância passavam a
apresentar ereção fora do comum. A partir disso, anos mais tarde, foi iniciada
uma pesquisa a respeito do assunto.
Explicando de
maneira simples, a ereção acontece quando o pênis está “cheio” de sangue, o que
depende de estímulos hormonais e nervosos para acontecer. Em pessoas com
disfunção erétil, distúrbios em um desses dois sistemas ou no sistema vascular
dificultam o desencadeamento natural do processo que leva à turgescência do
órgão sexual. Para mudar essa situação, uma reação química pode ser provocada
intencionalmente.
Tanto no caso do
viagra quanto da molécula descoberta pelos cientistas de Franca, o princípio é
aumentar a quantidade de um composto específico nas células penianas.
Esse composto é o monofosfato de guanosina (GMPc), que não é o precursor
da ereção em organismos saudáveis, mas pode ser direcionado para esse fim.
Considerando o fenômeno, o viagra e a pimenta-de-java são degradados no lugar
desse composto, que acabaria eliminado pela ação de uma enzima chamada
fosfodiesterase-5. Essa substituição só é possível porque as estruturas da molécula
da planta e da substância do viagra são muito parecidas com a do GMPc. A
enzima, então, passa a degradar os medicamentos e com o aumento do GMPc
acontece a ereção.
O próximo passo
da pesquisa é desenvolver junto à indústria farmacêutica um medicamento para
ser colocado no mercado. “Com os estudos que fizemos até agora é possível dizer
que a pimenta-de-java é até 50% mais eficiente do que o viagra”, afirma o
pesquisador. E além de mais potente, a molécula parece não causar efeitos
colaterais. “O que percebemos é que em vez de aumentar a frequência dos
batimentos cardiácos, que é a causa de muitos infartos de quem usa o viagra, a
cubebina diminui essa frequência.” De acordo com ele, a redução não é
preocupante e pode ser considerada uma vantagem em relação ao medicamento
concorrente. “Nossa expectativa é lançar o produto em até 3 anos e meio”,
completa Márcio.
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