Conhecido pelo seu grande conhecimento sobre
desenvolvimento econômico, o ex-deputado federal Ney Lopes afirmou, em
entrevista aO Jornal de Hoje, que se preocupa com a utilização do novo
aeroporto do Rio Grande do Norte, localizado em São Gonçalo do Amarante (Grande
Natal). O motivo é que o equipamento poderá se tornar um “elefante branco” se o
Estado não reassumir seu papel de exportador, aproveitando, para isso, seu
potencial local e sua posição geográfica.
“O aeroporto Aluízio Alves
será inviável se não tiver ao lado uma área econômica especial, englobando
vários municípios, tudo de acordo com o modelo global, que levou ao
desenvolvimento inúmeros países, a começar pela China”, afirmou o ex-deputado,
acrescentando que só o turismo jamais dará ao novo aeroporto a viabilidade que
ele precisa. “O turismo representará, no máximo, 15% da capacidade total dele”,
acrescentou Ney Lopes.
Segundo o ex-deputado, é
importante lembrar que o aeroporto está localizado em área geográfica
privilegiada, a mais próxima da Europa, África e canal do Panamá, na América
Latina e no Caribe. “Usar o aeroporto de São Gonçalo do Amarante como polo
exportador e turístico é o caminho racional para não prosperar o engodo e a
enganação de uma ZPE isolada em Macaíba, como vem sendo anunciada, na qual foi
privatizado até o manejo e a oferta de impostos federais, estaduais e
municipais. Capital e lucro não podem ser fiscais de si próprios, com veda a
Constituição, mesmo com a palavra final sendo do governo”, analisou.
Ney Lopes acrescenta que as
ZPEs de Macaíba e Assú devem existir, são necessárias e úteis para serem
agregadas a outros municípios potiguares, através da criação de núcleos de
produção regionais, como meio de apoio à identificação, produção e exportação
de produtos locais, através de uma área econômica especial,a ser criada.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Além de sugerir a ZPE, Ney
Lopes ressaltou também que o futuro responsável pela pasta do Desenvolvimento
Econômico, que ainda não foi apresentado pelo futuro governador Robinson Faria,
tem que ser alguém antenado com os novos aspectos e parcerias para produção.
“Há um risco de ‘importar’
nomes exógenos para a nova administração, que poderão ajudar muito lá fora, no
país e no exterior, conseguindo financiamentos, mas pouco ajudarão internamente
na definição das vocações e prioridades naturais do Rio Grande do Norte. Esses
nomes poderiam ser assessores especiais, consultores financeiros, para contatos
com organismos internos e externos, nunca gestores diretos da administração
estadual”, ressaltou Ney Lopes.
“‘A prata da casa’ competente
é que deveria ser convocada. Nas universidades, vida privada, profissionais
liberais etc, existem muitos talentos com ideias, propostas, todos
inaproveitados, sem chances e sem vez. Não se trata de discriminação, mas é
preciso ‘dá vez’ a esses talentos locais, enquanto é tempo, ao invés de
entregar à palavra e o poder a quem chega de outro estado, ou país, com
sotaque estranho”, acrescentou o ex-deputado.
IDEIAS NOVAS
Ney Lopes ressaltou que, um
homem de fora, fará pouco mais que o “feijão com arroz” no Estado, enquanto um
potiguar saberia explorar toda a potencialidade econômica da nossa região,
implantando técnicas e estratégias novas, mas cientes da necessidade de
proteger a economia local.
E, dentre as estratégias que
poderiam ser implantadas, além da ZPE para incentivar o dom exportador do
Estado, Ney Lopes citou o Joint Venture e o Drawback. O primeiro diz respeito a
formulação de parcerias entre empresas para viabilizar exploração ou produção
de determinados produtos em uma região.
Dessa forma, o Joint Venture
permite às partes envolvidas beneficiarem do know-how, conseguindo superar
barreiras em um novo mercado; beneficiar de novas tecnologias; investigar e
expandir atividades que tenham em comum; competir de forma mais eficiente e
ampliar mercados visando a internacionalização.
Já o Drawback consiste, a
grosso modo, na suspensão ou eliminação de tributos incidentes sobre matérias
primas, insumos, componentes e embalagens e insumos importados, para
industrialização de produtos exportados.
“Essas são estratégias
utilizadas nos grandes exportadores para fortalecer a economia local.
Precisamos utilizar isso, aliado a uma legislação que proteja empresas locais,
para fazer o RN assumir sua condição de exportador. Isso é possível, basta ter
vontade”, afirmou Ney Lopes.
0 comentários:
Postar um comentário