No dia em que completa 66 anos de vida, Henrique Eduardo
Alves, do PMDB, ganhou de “presente” da mídia nacional mais um indício do
envolvimento dele no escândalo da Petrobras, conhecido como “Petrolão”. O site
do jornal Estadão publicou a notícia de que a Polícia Federal encontrou, na
sede da empresa Camargo Corrêa, planilhas com os nomes de diversos políticos
brasileiros e, dentre eles, o do presidente da Câmara Federal.
Segundo a publicação, de
autoria dos jornalistas Fausto Macedo, Ricardo Brandt e Ricardo Chapola, a
suspeita da PF é que essa lista seja dos beneficiados com as propinas
supostamente pagas pela empresas. Por isso, os documentos já foram inseridos na
investigação sobre o escândalo, considerado por alguns o maior caso de
corrupção da história recente do País.
Contudo, “a PF não faz nenhuma
análise sobre o documento porque os políticos mencionados detêm foro
privilegiado perante os tribunais superiores – no caso dos parlamentares, o
Supremo Tribunal Federal (STF) detém competência exclusiva para abrir
investigação. Sem autorização da Corte, a PF não pode investigar deputado nem
senador”, conforme apontou o texto do Estadão.
“A PF apenas juntou aos autos
da Operação Lava Jato o documento apreendido na empreiteira, que é alvo da
investigação por suspeita de ter integrado o cartel que assumiu o controle dos
maiores contratos da Petrobrás. Não há nenhuma menção nas planilhas encontradas
na empreiteira a um suposto Caixa 2 ou pagamento de propinas. São nomes
lançados ao lado de valores”, acrescentou o texto.
É importante lembrar que essa
não é a primeira vez que o nome de Henrique Eduardo Alves é citado em meio ao
escândalo da Petrobras. Ainda durante a campanha eleitoral, quando o
peemedebista era candidato ao Governo do RN, o ex-diretor da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, prestou depoimento a PF e revelou que o presidente da Câmara era
um dos beneficiados das propinas pagas pelas empresas contratadas pela
Petrobras.
Além disso, reportagem d’O
Jornal de Hoje apontou que Henrique recebeu, durante a campanha, R$ 8,5 milhões
de outras empresas citadas no Petrolão. A Odebrecht, por exemplo, foi
responsável por financiar R$ 5,5 milhões dos gastos do peemedebista durante a
disputa. Além dela, a Queiroz Galvão, a OAS e a Galvão Engenharia também doaram
para o candidato do PMDB ao Governo do Estado.
No entanto, não há na lista de
doadores de Henrique, nem do Diretório Estadual do PMDB, qualquer registro de
doação de campanha feito pela Camargo Correa. Nem na campanha deste ano, quando
os peemedebistas lançaram Henrique candidato ao Governo; nem em 2012 (na lista
aparece o titulo “DOAÇÕES CAMPANHA 2012”), quando o Diretório Estadual do
partido, presidido por Henrique, lançou a candidatura do deputado estadual
Hermano Morais para Prefeitura de Natal.
Isso, inclusive, acaba por dar
ainda mais suspeita ao dinheiro supostamente enviado pela Camargo Correa a
Henrique Eduardo Alves, uma vez que não foi para uma doação regular de
campanha. De qualquer forma, o presidente da Câmara Federal negou qualquer
participação no escândalo da Petrobras. Segundo ele, a relação com a maior
estatal brasileira sempre foi “institucional” e jamais recebeu qualquer tipo de
benefício por parte de alguma empresa contratada pela empresa.
MICHEL TEMER
Vice-presidente da República,
reeleito para mais quatro anos de mandato, o peemedebista Michel Temer é o
principal destaque da matéria sobre essas planilhas encontradas na Camargo
Correa. “São feitas duas menções ao nome de Temer no documento, cada uma
seguida pelo valor de 40 mil dólares. Por meio de sua assessoria de imprensa,
Temer negou qualquer vínculo com a empreiteira. Segundo a assessoria do vice
presidente, ele nunca recebeu recursos da Camargo Corrêa ‘a qualquer título'”,
afirmou a matéria do jornalista do Estadão.
No caso de Michel Temer, a
situação é mais complicada. Henrique apareceu apenas em listas apenas com a
descrição “deputado”, e mais o partido e a sigla do Estado, além do valor de R$
100 mil, que seria a quantia doada. O vice-presidente da República, no entanto,
apareceu em uma relação com o nome de obras, municípios e a quantia paga.
“De acordo com os assessores
do vice-presidente, Temer nunca destinou emendas para obras em Araçatuba e nem
para obras rodoviárias em Praia Grande. Araçatuba e Praia Grande, municípios
paulistas, são cidades que aparecem ao lado do nome do vice-presidente nas
planilhas apreendidas pela Polícia Federal na sede da empreiteira, ao lado
também dos valores de US$ 40 mil”, apontou a matéria do Estadão.
É importante lembrar, também,
que há uma relação consideravelmente próxima entre Michel Temer e Henrique
Eduardo Alves. O vice-presidente da República, inclusive, doou R$ 1 milhão para
a campanha peemedebista no Rio Grande do Norte. Os recursos teriam sido doados
ao comitê de campanha do vice pelas empresas OAS e JBS e, depois, repassados
pela o Diretório Estadual do PMDB.
Além de políticos do PMDB, as
planilhas encontradas pela PF têm os nomes de políticos do PSDB, DEM, PDT e,
claro, do PT. “Os nomes dos políticos aparecem em tabelas, organizadas por
partidos. Os políticos citados nas planilhas vêm acompanhados por números
isolados”, citou a matéria.
Fonte: Jornal de Hoje
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