O vice-presidente da República, Michel Temer, alertou a
presidente Dilma Rousseff que ou o governo inclui o PMDB em suas decisões
estratégicas ou não terá como manter a legenda na base aliada.
Segundo a Folha apurou, o
recado foi dado em uma conversa telefônica nesta terça-feira (24), quando o
vice afirmou que a sigla está no “limite da governabilidade”. Temer explicou a Dilma que, se
o partido continuar excluído do poder “mais um mês ou dois”, o Planalto corre o
risco de perder o controle mínimo da pauta no Congresso – o PMDB preside as duas
Casas do Parlamento.
Sem o apoio do partido,
notabilizado por traições, ameaças e apetite por cargos, o governo dificilmente
conseguiria viabilizar projetos de seu interesse ou obter grau mínimo de
blindagem em CPIs como a da Petrobras. É a primeira vez que Temer
traça um cenário tão negativo à petista. A insatisfação da sigla aumentou na
medida em que os peemedebistas viram novos aliados do Planalto, como o PSD,
crescerem na montagem do segundo mandato.
Dilma garantiu sete pastas ao
PMDB, mas a maioria sem grande poder de fogo político ou indicações da cúpula
do partido. Além do interesse em emplacar cargos no segundo escalão do governo,
uma das exigências da legenda é ter assento nas reuniões da coordenação de
governo, hoje composta apenas por petistas. O diálogo entre Temer e Dilma
ocorreu poucas horas depois de um jantar, na segunda-feira (23), da cúpula do
PMDB com a equipe econômica na residência oficial do vice, o Palácio do Jaburu.
Apesar de a reunião ter sido
chamada por Temer para tentar destravar as medidas do ajuste fiscal que
tramitam no Legislativo e de ter havido promessas de apoio do partido ao
pacote, foram as insatisfações políticas que dominaram o debate. Como representantes do
Executivo, estavam no jantar Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa
(Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central) e Aloizio Mercadante (Casa
Civil).
“O PMDB salvará o ajuste
fiscal”, disse Eduardo Cunha no jantar, falando como uma espécie de fiador do
pacote de redução de despesas, isso após passar as últimas semanas impondo
seguidas derrotas à Dilma na Câmara.
O pacote, do qual o PMDB
reclama de não ter participado de sua concepção, prevê uma economia de R$ 18
bilhões neste ano ao endurecer exigências para a concessão de seguro-desemprego,
abono salarial, pensão por morte e seguro-defeso para pescadores artesanais.
Apesar do apoio, não estão descartadas mudanças nas propostas.
No jantar do Jaburu, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), foi bem menos comedido. Afirmou
que seu partido só é chamado na hora de votar. A jornalistas, fez questão de
dizer que a coalizão de Dilma com seu partido está “capenga”. “O PMDB quer dar um fundamento
à coalizão, quer participar da definição das políticas públicas. Essa coalizão,
ela é capenga porque o PMDB, que é o maior partido do ponto de vista da
coalizão, ele não cumpre o seu papel”, afirmou, ao chegar ao Senado.
Diante das críticas,
Mercadante reconheceu que é preciso repensar a relação do governo com sua base
congressual. Na semana que vem, Dilma receberá a cúpula peemedebista. As dificuldades da presidente
não se limitam ao parceiro mais problemático da coalizão. O próprio PT resiste
em apoiar iniciativas do pacote fiscal.
PT e PMDB têm juntos 131
deputados do total de 513. Para ser apreciado, um projeto de lei exige quórum
mínimo de 257 deputados. Ele será aprovado se tiver maioria simples do número
de presentes.
Fonte:
www.folha.com.br
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