Stella Leal diz que síndrome pode ser transmitida pelo Aedes |
Uma doença benigna, porém
ainda desconhecida, tem chamado atenção na saúde pública do Rio Grande do
Norte. Apesar de recorrente nas unidades de saúde desde outubro de 2014,
somente no dia 22 deste mês começou a ser catalogada de forma ordenada para
estudo. Os sintomas do problema notificado como “síndrome exantemática a
esclarecer”, se confundiam com dengue e febre chikungunya, além de sarampo e
rubéola.
Os primeiros números de
pessoas contagiadas só devem ser divulgados ao completar um mês de
investigação, mas a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) fala que
encontrou casos em 61 municípíos. A doença “misteriosa”, já notificada em
outros estados, como Pernambuco e Paraíba, causa manchas vermelhas pelo corpo,
chamadas exantemas, algumas vezes associadas a coceira, inchaço e dores nas
articulações e pode apresentar febre baixa. A Sesap considera a hipótese de se
tratar do Parvovírus B19, que também provoca vermelhidão na pele. Mas os 23
testes já realizados foram negativos.
De acordo com a subcoordenadora de vigilância
epidemiológica da Sesap, Stella Leal, a amostragem ainda é pequena para
descartar a doença, que já tem atingido estado vizinho, a Paraíba. Entretanto,
acredita-se que, ao contrário do vírus, a síndrome não seja transmitida pelo
contato direto, mas por vetor – possivelmente o Aedes aegypt, assim como a
dengue e a chikungunya. Stella acredita também em outras possibilidades. “Pode
ser um doença importada e que foi introduzida em nosso território”, supõe.
Sem maiores orientações, os médicos estavam
registrando as ocorrências sempre em outras doenças: 80,8% foram notificados
para dengue, 18,0%, chikugunya, 0,1%, sarampo e 1,1%, rubéola. Para auxiliar
nos estudos necessários, a Sesap emitiu Nota Técnica Nº 03/2015 para todas as
secretarias municipais de saúde e também às unidades de saúde de todo o Estado
alertando sobre o problema e pedindo a colaboração desses profissionais pra que
notifiquem e solicitem aos pacientes os exames necessários.
A Sesap conta com o apoio da equipe técnica do
Programa em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde da
Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (EPISUS/MS) com o objetivo
de aprofundar as investigações epidemiológicas e laboratoriais dos casos de
síndrome exantemática a esclarecer.
Inicialmente os exames são realizados do Lacen,
Laboratório Central de Saúde Pública, anexo do Hospital Giselda Trigueiro.
Outros são feitos somente no Instituto Evandro Chagas, que fica no Pará. Mas,
se os resultados não forem satisfatórios, a Secretaria e o Ministério da Saúde
já avaliam a possibilidade de levar os materiais para laboratórios em outros
países.
A maioria dos enfermos que chegam aos hospitais
não recebem diagnóstico final. De janeiro a 18 de abril, o Rio Grande do Norte
registrou 13.002 casos de dengue. Apenas 1.446 deles foram confirmados. De
acordo com Stella Leal, isso não significa que os outros mais de 10 mil tenham sido
negativos. “Eles não necessariamente fizeram os exames. Pode ter procurado o
serviço, mas não estar em período recomendado para coleta do exame”, disse,
explicando que a análise feita pelo método de isolamento viral é realizada
entre o 1º e o 4º dia e sorologia, do 6º ao 30º. “Apenas 712 fizeram o exame e
deu negativo”, informa. A chikungunya oficialmente não chegou ao estado.
Ainda assim, 2.588 casos suspeitos estão na lista da Sesap. Cento e dezesseis
exames foram concluídos com resultados negativos.
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