Desde que foi eleito governador do Rio Grande do Norte
numa campanha eleitoral marcada pela profunda desigualdade de estrutura com um
adversário super fortalecido política e financeiramente – que tinha tudo para
ser mal sucedida mas acabou vitoriosa –, Robinson Faria não tem feito outra
coisa senão externar um exagerado otimismo a cada vez que fala dos seus
projetos administrativos ou da governabilidade que pretende dar ao Estado.
Na condição de
ter sido vice-governador do Estado durante os quatro anos que antecederam sua
eleição para o governo e de ter exercido na década passada a Presidência da
Assembleia Legislativa do RN por quatro legislaturas (oito anos), ninguém pode
apontar em Robinson Faria um político desconhecedor ou desligado da realidade
social, política e econômica norte-rio-grandense. Não tem o menor sentido,
portanto, acusar seu otimismo de ser fruto de ingenuidade, ignorância ou
deslumbramento, como aqui e ali, nos bastidores, já aparecem comentários
maliciosos dos adversários políticos.
Mas a verdade
é que, nesses pouco mais de quatro meses de exercício do mandato governamental,
Robinson não tem (pelo menos em público) se deixado abalar pelo quadro de queda
mensal da arrecadação do Estado e pela permanente e incômoda necessidade de
sacar recursos do Fundo Previdenciário para poder pagar em dia a folha de
pessoal ativo e inativo.
Se não cresce
em níveis satisfatórios a arrecadação própria, decorrente da cobrança dos tributos
que são da alçada estadual; e se, com a crise econômica instalada na
administração federal, só tem feito decair, de janeiro para cá, a transferência
de recursos de Brasília para o Rio Grande do Norte, não restam dúvidas de que a
carga de dificuldades aumenta para o governo. Reduziram-se os valores das
parcelas do FPE (Fundo de Participação dos Estados); minguaram os royalties do
petróleo; sumiram as contas de convênios já celebrados, muitas delas se
convertendo apenas em miragens; dos empréstimos prometidos, combinados, e até
aprovados pela Assembleia, ouvem-se apenas as promessas de liberação pelo Banco
do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, tudo isso sem que a autoridade
estadual possa sequer demonstrar irritação, sob pena de deixar de ser visto pela
‘presidenta’ Dilma e pelo PT como ‘um aliado da primeira hora’.
O quadro de
perdas continuadas na receita orçamentária, acompanhado dos incontroláveis
acréscimos de despesas estaduais, sem que surjam nos horizontes da
administração as perspectivas seguras de chegada de recursos externos (públicos
ou privados), capazes de aliviar a caótica situação econômico-financeira do
Governo, tudo isso nos leva a supor que está cada vez mais próximo o dia em que
o governador terá de renunciar ao seu complexo de Cândido, o otimista, sob pena
de começar a ser comparado com o personagem imortalizado por Voltaire.
Texto opinativo Marcos Aurélio de Sá
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