Olho D'água do Borges/RN -

El Niño reduz chuva no sertão do RN


A média de chuvas no sertão do Rio Grande do Norte em 2015 vai ficar abaixo da registrada no ano passado, quando o Estado teve o que os agricultores chamam “seca verde', isto é, as chuvas garantiram o pasto e aumentaram as reservas hídricas em alguns municípios, mas não foram suficientes para assegurar as lavouras de subsistência. Com o ciclo de chuvas chegando ao final no semiárido potiguar, os dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn) mostram que este ano apenas um município do Alto Oeste (Portalegre) e outro na região Central (Angicos) tiveram inverno considerado normal pelo volume de chuvas. Foram 441,5 milímetros em Angicos e 660,3 em Portalegre.

No ano passado, 11 municípios do Alto Oeste ficaram dentro da média de chuvas; este ano apenas um. Em 2014, doze municípios da região Central (que inclui o Seridó) atingiram a média pluviométricas, enquanto este ano apenas um.

Ontem, a Gerência de Meteorologia da Emparn concluiu a análise referente às condições termodinâmicas dos oceanos durante a 1ª quinzena de maio/15. De acordo com os meteorologistas, o quadro evidencia “de forma bastante clara” a presença do Fenômeno El Niño em toda a extensão do Oceano Pacífico, com anomalias de até +3°C próximas à costa da América do Sul. “Essas águas mais aquecidas influenciaram de forma indireta na diminuição das chuvas sobre o Rio Grande do Norte, tanto na segunda quinzena de abril, como nas primeiras duas semanas de maio', explicam os meteorologistas.

Maio é climatologicamente o último mês do período chuvoso no semiárido potiguar.  Normalmente, dependendo das condições oceânicas/atmosféricas, a Zona de Convergência Intertropical começa a se deslocar para o Hemisfério Norte, diminuindo as instabilidades atmosféricas sobre a região. Nesse mês, também é comum a ocorrência de chuvas no setor Leste do Nordeste, devido às instabilidades de origem oceânica. No entanto, as análises atmosféricas e o monitoramento pluviométrico mostram que a presença do Fenômeno El Niño tem atrapalhado a ocorrência de chuvas em praticamente todo o Estado durante essa primeira quinzena.

O relatório da Emparn diz: “Essa condição favoreceu o aumento de chuva sobre a parte oeste da Região Norte do Brasil, causando como consequência, a formação de uma massa de ar seco sobre o RN e diminuindo a ocorrência de chuvas. No Oceano Atlântico, enquanto que no setor sul houve predominância de águas mais aquecidas, no setor norte as águas continuaram mais frias do que o normal. Essa condição deveria ser favorável tanto para a permanência da Zona de Convergência Intertropical próxima à região, como para ocasionar chuvas regulares, entretanto, conforme o monitoramento pluviométrico, as chuvas, além de poucas, tiveram um comportamento bastante irregular.”

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