Com quatro mandados de prisão por respectivas condenações
na justiça o ex-governador, Fernando Freire, não é inocente. Porém, a pergunta
que grita é a seguinte: fez tudo e se beneficiou sozinho?
UM POUCO DE HISTÓRIA
Voltemos ao ano de 1994 – Fernando Freire era um deputado
federal paparicado que comandava o PPR/PPB no Rio Grande do Norte.
Segundo os cientistas políticos Alan Lacerda e Bruno Cesário,
autores de um bom artigo sobre a gestão de Garibaldi na revista de ciências
sociais da UFRN – Chronos, o
fortalecimento de Garibaldi passa pela cooptção de Fernando Freire para ser seu
vice em 1994. Visando a reeleição e o fortalecimento do grupo, o então
eleito Governador utiliza o partido do seu vice-governador para atrair
prefeitos e deputados.
Com o aval de Garibaldi Alves Filho, Fernando Freire passou a
articular cooptação de deputados estaduais, federais e prefeitos ligados ao
senador José Agripino Maia, então derrotado em 1994 com o seu candidato
Lavoisier Maia.
O professor da UFRN Alan Lacerda e o hoje marqueteiro
Bruno Cesário mostram um pouco da migração para a nau bacurau pela porta de
Fernando Freire:
Deputados Estaduais
eleitos em 1994 – migração partidária em 1995
- Nelson Freire 1994 PFL –> 1995 PPB
- Valério Mesquita 1994 PFL –> 1995 PPB
- Ricardo Mota 1994 PFL –> 1995 PPB
- Ronaldo Soares 1994 PFL –> 1995 PPB
- Elias Fernandes 1994 PFL –> 1995 PMDB
- Francisco José 1994 PFL –> 1995 PPB
Deputado Federal 1994
PFL –> 1995 PPB
Iberê Ferreira 1994 PFL –> 1995 PPB.
Outro dado interessante é que a migração se intensifica com a
venda da Cosern. Vale lembrar que o partido de Fernando Freire foi o que mais
cresceu durante a gestão de Garibaldi Alves Filho.
Com a aprovação de possibilidade de reeleição, Garibaldi e
Fernando Freire atropelam Agripino Maia em 1998. Além disso, elegem o
empresário, Fernando Bezerra, como senador.
Logo após a nova vitória, alegam Alan Lacerda e Bruno
Oliveira, a cooptação ocorre e, mais uma vez, através do partido de Fernando
Freire. Três deputados estaduais (Alexandre Cavalcanti e Vivaldo Costa eleitos pelo PFL e PL passam para o PPB; Nelter Queiroz deixa o PL e migra para o PMDB) passariam para
a base do governo.
A esta altura o grupo de Garibaldi e Fernando Freire já têm
mais de 100 prefeitos, inclusive, com o posterior apoio da
prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB).
Em 2001 o então deputado federal, Henrique Alves (PMDB), era
tido como o nome por excelência para tentar o governo do RN em 2002. Uma super
secretaria foi criada para ser a vitrine para projetar Henrique no RN – a
chamada Secretaria de Governo, SEGOV. Henrique acabou não sendo candidato, pois
seu nome foi envolvido em uma denúncia de suposta conta no exterior pela
revista Isto É.
Todo o grupo se volta para tentar eleger Fernando Freire para
o governo e Garibaldi Alves Filho para o senado. Fernando Freire, com a licença de Garibaldi, se tornou governador pelos oito meses restantes do mandato.
Garibaldi se elegeu senador e Fernando Freire perdeu para Wilma de Faria.
O BODE EXPIATÓRIO
Para os já citados autores, a base aliada de Garibaldi
cresceu, a partir do uso do mandonismo e da patronagem. Em bom português,
Garibaldi e Fernando Freire cooptaram todas essas lideranças, concedendo
espaços e distribuindo cargos e sinecuras no governo.
Segundo denúncia do Ministério Público que condenou Fernando
Freire, ele foi o ordenador do pagamento de gratificações ilegais e salários a
funcionários fantasmas.
Ora, quem recebeu essas gratificações e os salários? Estará no jardim da infância aquele que não perceber que tais
gratificações e salários ilegais serviram para apadrinhar os cooptados, além
dos membros da base de Garibaldi Alves Filho e Fernando Freire.
Como disse, Fernando Freire não é inocente. Mas paga o pato
sozinho, pois da farra muita gente participou. Alias, beberam, comeram e
deixaram a conta para Fernando Freire acertar.
PS. Em seu blog, o então vereador na época, Renato Dantas,
afirmou que não foram apenas políticos os beneficiados. Gente da imprensa, por
exemplo, também participou do convescote.
PS.2. Chama atenção o fato do Ministério Público não ter
“seguido o dinheiro” e beneficiários e parado no vice-governador.
Fonte: O Potiguar
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