O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Supremo Tribunal
Federal (STF) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, disse
ontem, em São Paulo, que não vai renunciar do comando da Casa.
Durante evento
promovido pela Força Sindical, Cunha afirmou que a renúncia não faz parte do
vocabulário dele e que "não fará isso”. “Ninguém pode ser previamente condenado.
Estou absolutamente sereno. Nada alterará o meu comportamento. Não adianta
nenhuma especulação sobre o que vou fazer ou deixar de fazer. Não vou abrir mão
de nenhum direito. Não há a menor possibilidade de eu não continuar no comando
da Câmara”, disse o deputado.
“Eu tenho um mandato para
o qual fui eleito e vou continuar exercendo até o último dia. A Câmara tem as
suas decisões pela sua maioria. O presidente não é dono da Câmara e sequer
consegue ser dono da pauta”, declarou Cunha, após participar de encontro com
sindicalistas.
Na denúncia encaminhada ao
STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que Eduardo Cunha
recebeu propina por meio de companhias sediadas no exterior e empresas de
fachada. Na denúncia, Janot também pede que o presidente da Câmara pague U$S 80
milhões pelos danos causados à Petrobras. Foi a primeira denúncia contra um
parlamentar investigado na Operação Lava Jato. Em delação premiada, o lobista
Júlio Camargo disse que o parlamentar recebeu propina de US$ 5 milhões para
viabilizar a contratação de dois navios-sonda pela Petrobras ao estaleiro
Samsung Heavy Industries em 2006 e 2007.
O
negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu por intermediação do empresário
Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que está preso há nove meses
em Curitiba, e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Ontem,
Cunha, por sua vez, contestou a denúncia “com veemência” e chamou de “ilações”
os argumentos apresentados por Janot. Em nota divulgada após a denúncia, Cunha
se disse inocente e aliviado. “Fui escolhido para ser investigado e, agora, ao
que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado”. O peemedebista
criticou o PT e o governo, aos quais atribui o fato de ser alvo da denúncia.
O
deputado voltou a defender o fim da aliança entre PT e PMDB. Ele ressaltou que
o assunto tem que ser discutido no foro apropriado e que o partido já convocou
um congresso para discutir a questão. "Eu vou pregar o fim dessa
aliança."
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