No momento em que estados
e municípios vivem a expectativa de uma nova avaliação do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), em novembro, um estudo encomendado
pelo jornal Estadão, à consultoria Meritt Educacional, revela queda no
desempenho dos alunos em duas edições consecutivas - 2011 e 2013 - do Ideb. No
Rio Grande do Norte, pelo menos sete municípios registraram piora acentuada e
estão longe das metas estabelecidas pelo MEC. Especialistas em educação
defendem que o resultado reflete não apenas falta de recursos, mas problemas de
gestão e falta de planejamento.
O levantamento divulgado
ontem, considera os anos finais do ensino fundamental. A piora foi
verificada em 294 municípios de todo o país e em 159 redes municipais de ensino
indicou uma tendência a declínio, com os números inferiores aos registrados em
2009. SP lidera o ranking. O Ideb é realizado a cada dois anos.
Areia
Branca, Arês, Coronel Ezequiel, Itajá, Felipe Guerra, Lajes Pintadas e Rodolfo
Fernandes, apresentam recuo médio de -0,6, a cada ano, em relação a
avaliação anterior, segundo o estudo. Estes municípios não atingiram a meta nas
últimas três edições. Além do mau desempenho, estas sete cidades têm em
comum o IDH – índice de desenvolvimento humano - classificado como médio (de
0,604 até 0,694).
Os
repasse do Fundeb - parcela de recursos destinadas à educação
(repasses federais de FPM e contribuição de tributos estaduais e municipais)
destinadas a estas prefeituras variam de R$ 2 milhões a cerca de R$ 8 milhões.
Em 2013, o Fundeb foi de R$ 7,9 milhões para Areia Branca, R$ 7,2 milhões para
Arês, enquanto Coronel Ezequiel recebeu R$ 2,2 milhões, segundo dados do
Tesouro Nacional.
Sem
citar a realidade dos municípios, individualmente, e admitindo que o
financiamento da educação ainda é baixo, a pedagoga e diretora do Instituto de
Desenvolvimento da Educação (Ide), Claudia Santa Rosa, frisa que o mau
desempenho ultrapassa a questão de recursos financeiros. “É mais um problema de
gestão. Há dificuldades, desde o MEC até a escolinha no interior, de planejar,
executar bem e avaliar”, afirma.
Ela
defende, além da destinação de 10% do PIB e royalties do petróleo para
educação, um plano nacional de gestão da educação que contemple a qualificação
e valorização do professor, um plano pedagógico mais coerente, as condições da
escola (salas, laboratórios, bibliotecas) e das áreas de convivência.
“O
trabalho não deve ser focado só na avaliação dos alunos, mas é preciso avançar
na avaliação e desempenho de todos trabalhadores de educação e dos meios, dos
espaços, da escola”, afirma a pedagoga.
O
secretário de educação de Arês, município a 50 quilômetros de Natal, Arlindo
Barbosa de Araújo, informou por meio da assessoria de coordenação pedagógica,
que o baixo desempenho nas últimas duas avaliações do Ideb se deu devido a alta
rotatividade de professores, ora pela falta, ora pela substituição dos
profissionais por meio da contratação de professores aprovados no concurso
público realizado em 2010.
Somado
a isso, em 2013, o segundo ciclo do ensino fundamental – do 6º ao 9º ano – foi
fechado no horário noturno. Com vistas a avaliação de novembro, o município tem
investido em planejamento pedagógico para os professores dentro do horário,
laboratórios de matemática e distribuição de jogos
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