Se não agirmos
agora para reduzir o risco de efeitos mais severos das mudanças climáticas, 720
milhões de pessoas podem ficar em situação de pobreza extrema. A conclusão é de
um relatório do Overseas Development Institute (ODI), que afirma que erradicar
a miséria é possível, mas depende de ações efetivas contra o aquecimento do
planeta. Isto porque, se não controladas, as mudanças climáticas levarão
ao aumento do que chamamos de eventos climáticos extremos – secas severas,
mudanças no regime de chuvas, enchentes, aumento do nível do mar –, que, por
sua vez, levam a deslocamentos populacionais, redução da produtividade no
campo, escassez e aumento do preço de alimentos e a um consequente problema de
nutrição.
Os dados
baseiam-se nas estimativas de emissões no cenário business-as-usual – ou seja,
se nada for feito em relação ao atual nível de emissões de gases causadores do
efeito estufa –, em que a estimativa é de um aquecimento global próximo a 4ºC.
O estudo afirma que, para que as medidas de erradicação da miséria se
concretizem, o pico de emissões deve ocorrer em 2030, e que em 2100 as emissões
devem ser próximas a zero.
O documento
“Pobreza Zero, Emissões Zero” aponta que acabar com a pobreza extrema em tempos
de crise climática é necessário e compatível. “A erradicação da pobreza não
pode ser mantida sem profundos cortes dos grandes emissores de gases de efeito
estufa”, sugerem os autores. “É incoerente para os grandes países emissores,
especialmente os industrializados, apoiar a erradicação da pobreza como
prioridade de desenvolvimento enquanto não mudarem a sua própria economia em
direção a uma via de emissões líquidas zero”. Isto porque, diz o estudo, os
custos de adaptação tornam-se implausíveis num cenário de aquecimento global
acima de 2ºC até o fim do século.
Fonte: Marcos
Dantas
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