Folha de São Paulo –
Quatro dias após a Operação Catilinárias, que realizou buscas no apartamento do
ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB), começam a surgir as razões
pelas quais o Supremo Tribunal Federal (STF) envolveu o potiguar como suspeito
nas ações realizadas pela Polícia Federal em Natal.
Segundo consta em uma das
manifestações do ministro Teori Zavascki, o procurador-geral da República
Rodrigo Janot teria reunido indícios de que o dono da OAS, José Adelmário
Pinheiro, um dos empreiteiros condenados na Lava Jato, teria supostamente pago
ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) a quantia de R$ 5 milhões. Parte da
verba paga pela OAS teria como destino, entre outros nomes, o do ministro
Henrique Alves.
De acordo com reportagem da Folha de São Paulo deste
sábado (19), a menção do pagamento está em uma troca de mensagem via WhatsApp
entre Léo Pinheiro e o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cunha
teria cobrado Pinheiro por ele ter pago de uma vez a quantia a Michel Temer e
adiado os compromissos com a “turma”, afirmou Janot, conforme reprodução feita
no documento assinado por Teori. As mensagens foram encontradas no celular do
dono da OAS, apreendido em 2014.
A “turma” mencionada nos autos, de acordo com interpretação
do procurador-geral da República, refere-se a integrantes da cúpula do PMDB,
como Henrique Alves, que já foi presidente da Câmara dos Deputados durante seu
último mandato como deputado federal.
Além do potiguar, o ex-deputado e
ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA).
As circunstâncias do pagamento, se foi doação oficial ao
partido, caixa dois ou propina e a data da troca de mensagens são mantidas em
em sigilo pela PGR.
Os indícios teriam fundamentado as buscas da operação
catilinárias nas residências de Henrique Alves, Eduardo Cunha e outros
envolvidos na última terça-feira. No documento que está nos autos da
Catilinárias não é dito expressamente que o suposto pagamento de R$ 5 milhões a
Temer era propina, mas a menção ao vice-presidente aparece em um contexto geral
de pagamento de suborno a peemedebistas.
Nesta sexta-feira o vice-presidente negou, em reposta à Folha
de São Paulo, ter recebido qualquer recurso de origem ilícita.
Procurado pela Folha, Henrique Alves se limitou a dizer que
“a OAS foi uma das colaboradoras oficiais da campanha do PMDB em 2014”.
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