E começa a vazar o que motivou a operação Catilinárias,
que resultou em busca e apreensão nas casas do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, dos ministros Celso Pansêra e Henrique Alves e de outros integrantes do
PMDB.
Mensagens de Cunha com o dono
da OAS ja começam a aparecer aos pouquinhos porque o teor das conversas estão
em segredo de justiça. Nas mãos do procurador geral da República, Rodrigo
Janot, que segundo Eduardo Cunha, é ‘procurador geral de Rousseff – PGR’.
Se for…só vai estourar quem
Dilma indicar.
Abaixo a reportagem de hoje da
Folha que inclui na ‘tchurma’ do PMDB, o vice-presidente Michel Temer, que tem
posado de santo até agora…
Poder
Em
mensagem, Cunha cita repasse de R$ 5 milhões a Michel Temer
GRACILIANO ROCHA
BELA MEGALE
DE SÃO PAULO
O procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, reuniu indícios de que o vice-presidente, Michel
Temer (PMDB), recebeu R$ 5 milhões do dono da OAS, José Adelmário Pinheiro, o
Leo Pinheiro, um dos empreiteiros condenados em decorrência do escândalo da
Petrobras.
A informação sobre o suposto
pagamento a Temer está em uma das manifestações do ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Teori Zavascki, que fundamentou as buscas da Operação
Catilinárias, deflagrada na última terça-feira (15).
A menção ao pagamento está em
uma troca de mensagens entre Pinheiro e o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em que o deputado reclama que o empreiteiro pagou a
Temer e deixou “inadvertidamente adiado” o repasse a outros líderes
peemedebistas.
Eduardo Cunha cobrou Leo Pinheiro por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a
quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a ‘turma’”, afirmou
Janot, conforme a reprodução feita no documento assinado por Teori.
Na sequência da troca de mensagens, via Whatsapp, Pinheiro pediu a Cunha
“cuidado com a análise para não mostrar a quantidade de pagamentos dos amigos”.
A conversa estava armazenada no celular do dono da OAS, apreendido em 2014.
Em resposta à Folha, o vice-presidente enviou extrato de cinco doações da OAS
ao PMDB declaradas à Justiça Eleitoral entre maio e setembro de 2014,
totalizando valor semelhante ao citado por Pinheiro, ou R$ 5,2 milhões (leia
abaixo).
A troca de mensagens entre Cunha e o empreiteiro, contudo, indica que os R$ 5
milhões foram repassados de uma só vez.
As circunstâncias do pagamento –se foi doação oficial ao partido, caixa dois ou
propina –e a data da troca de mensagens são mantidas em segredo pela PGR.
No documento que está nos autos da Cantilinárias, que corre em segredo de
Justiça, Cunha é descrito como uma espécie de despachante dos interesses da OAS
junto ao governo federal, a bancos estatais e a fundos de pensão, mantendo uma
relação estreita com Pinheiro, à época o principal executivo da empreiteira.
O documento não diz expressamente que o suposto pagamento de R$ 5 milhões a
Temer era propina, mas a menção ao vice-presidente aparece em um contexto geral
de pagamento de suborno a peemedebistas.
Em trecho adiante, quando menciona uma operação financeira de compra de títulos
lançados pela OAS por bancos públicos, a Procuradoria aponta ingerência de
Cunha para favorecer a empreiteira, “mediante o pagamento de vantagem indevida
aos responsáveis pelas indicações políticas, inclusive mediante doações
oficiais”.
A Folha apurou que membros da PGR consideram suspeita a citação aos R$ 5
milhões por Cunha e avaliam haver indícios de ser propina.
A ‘TURMA’
A Catilinárias atingiu a cúpula do PMDB nesta semana com policiais federais
fazendo buscas nas casas de Cunha e de aliados do presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL), entre outros.
Na interpretação do procurador-geral da República, a “turma” mencionada por
Cunha incluía alguns expoentes do PMDB da Câmara, como Henrique Alves, que já
presidiu a Casa e hoje é ministro, e o ex-deputado e ex-ministro Geddel Vieira
Lima (BA).
Geddel foi derrotado na disputa baiana para o Senado em 2014. Foi substituído
na Câmara por seu irmão Lúcio Vieira Lima –hoje, um dos mais próximos aliados
de Temer e um dos vetores da bancada peemedebista favorável ao impeachment de
Dilma Rousseff.
Alves, ministro do Turismo, também foi alvo das buscas da Polícia Federal na
última terça (15).
Preso preventivamente em 2014, Pinheiro foi condenado a 16 anos e quatro meses
de prisão em primeira instância, por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e
organização criminosa. Cabe ainda recurso à decisão judicial.
OUTRO
LADO
O vice-presidente da
República, Michel Temer (PMDB), negou nesta sexta-feira (18) ter se beneficiado
com o recebimento de qualquer recurso de origem ilícita.
Segundo sua assessoria de
imprensa, o diretório nacional do PMDB recebeu, em 2014, um montante total de
R$ 5,2 milhões da construtora OAS.
O valor é parecido ao citado
pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e reproduzido pelo ministro
do Supremo Teori Zavascki na manifestação que embasou a Operação Catilinárias.
A assessoria do
vice-presidente destacou que o montante foi declarado nas prestações de contas
do partido enviadas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e não houve nenhuma
ilegalidade na operação.
“Não há nenhum problema em
relação a isso e tudo ocorreu com absoluta transparência”, diz a assessoria de
imprensa.
As doações foram feitas em
cinco parcelas pagas entre os meses de maio e setembro de 2014, conforme
documento enviado pela assessoria do vice-presidente.
Procurado pela reportagem, o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, não quis se manifestar. A
Folha não conseguiu falar com os advogados dele.
A defesa de Leo Pinheiro
também não quis fazer comentários.
Questionado sobre a referência
a seu nome como parte da “turma” do PMDB para a qual teriam sido cobrados
pagamentos de Leo Pinheiro, o ministro Henrique Eduardo Alves (Turismo) se
limitou a dizer que “a OAS foi uma das colaboradoras oficiais da campanha do
PMDB em 2014″.
Outro citado, o ex-ministro e
ex-deputado Geddel Vieira Lima disse que nunca precisou de Eduardo Cunha “ou
quem quer que fosse” para intermediar doações de campanha” para ele.
“Sempre mantive relação com o
empresariado baiano. O Leo Pinheiro, como o Marcelo Odebrecht, são meus amigos.
Não ia precisar de intermediário”, disse Geddel, que disputou o Senado pela
Bahia em 2014.
A PGR (Procuradoria-Geral da
República) se recusou a fazer comentários sobre as mensagens que o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) trocou com Pinheiro.
A procuradoria também não
respondeu se abriu ou não inquérito contra Michel Temer em razão da citação de
seu nome na conversa entre o empreiteiro e o presidente da Câmara.
A assessoria de Janot afirma
que ele não vai se manifestar porque os autos da Operação Catilinárias correm
em segredo de Justiça.
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