A
Polícia Federal prendeu ontem (11) quatro executivos das empresas Galvão
Engenharia, OAS, Coesa e Barbosa Mello suspeitos de envolvimento no
superfaturamento e desvio de R$ 200 milhões em dois lotes da obra de
transposição do Rio São Francisco. Os nomes dos presos não foram revelados.
“São diretores,
conselheiros e representantes legais das empresas. Nós queremos saber agora a
eventual participação de servidores públicos e políticos envolvidos na trama”,
disse o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco, o delegado Marcelo Diniz.
Foram presos um
executivo que representa a OAS e a Coesa, um da Barbosa Mello e dois da Galvão
Engenharia. As prisões são temporárias e valem por cinco dias, prorrogáveis por
mais cinco, ou podem ser convertidas em preventivas - quando não há prazo definido.
As empresas
envolvidas compõe o consórcio responsável pela construção de dois lotes da
obra, no trecho de 82 quilômetros entre Custódia, em Pernambuco, e Monteiro, na
Paraíba. Ao todo, a transposição do Rio São Francisco tem 14 lotes.
A primeira fase
da operação começou ainda em 2014, a partir de relatórios técnicos do Tribunal
de Contas da União e da Controladoria-Geral da União. Os laudos apontavam
indícios de superfaturamento nas obras de terraplanagem nos lotes 11 e 12 da
transposição.
A suspeita da PF
é que as empreiteiras repassavam recursos recebidos do Ministério da Integração
Nacional, responsável pela obra, para empresas de fachada dos doleiros Alberto
Youssef e Adir Assad. Os dois estão presos e condenados no âmbito da Operação
Lava Jato.
Nesta fase da
operação, os policiais investigam o núcleo econômico, que são as empreiteiras,
e o financeiro, formado pelos doleiros. A Polícia Federal investiga ainda os
núcleos administrativo (participação de servidores públicos) e político no
esquema. “Todo o cenário converge para que exista um núcleo político”, afirmou
o delegado Felipe Leal, responsável pela operação.
O consórcio
investigado recebeu R$ 680 milhões pela obra. Segundo a Polícia Federal, a
operação deflagrada ontem é independente da Lava Jato, mas houve
compartilhamento de informações com a força-tarefa responsável pela
investigação de corrupção na Petrobras.
Além das
prisões, cerca de 150 policiais federais cumpriram 32 mandados judiciais, sendo
24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva (quando a pessoa é
levada para prestar depoimento) em Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, São Paulo,
no Distrito Federal, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e na Bahia.
Obra
Segundo o
Ministério da Integração Nacional, todo o projeto de integração do Rio São
Francisco está orçado em R$ 8,2 bilhões. A obra engloba a construção de quatro
túneis, 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios. Além da
recuperação de 23 açudes existentes na região que receberão as águas do rio São
Francisco.
O governo
federal diz que a o projeto beneficiará uma população estimada de 12 milhões de
habitantes, em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio
Grande do Norte, além de gerar emprego e promover a inclusão social. De acordo
com o ministério, 81% de execução física da obra está concluída.
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