Qualquer manifestação escrita em língua portuguesa será
regida obrigatoriamente pelas novas normas do acordo ortográfico já em vigor
desde o último dia 31 de dezembro.
Apesar de aprovado
em 2009, foi dado um prazo de seis anos de transição em que as ortografias
antiga e a nova poderiam ser usadas.
Agora, vários
vocábulos sofrerão mudanças no uso de hífen e na acentuação de verbos e
palavras homógrafas (aquelas com mesma grafia, mas com significados
diferentes), haverá a extinção do trema e algumas consoantes serão incluídas
oficialmente no alfabeto.
Ainda assim, as
modificações atingirão apenas 0,8% do total de palavras usadas no Brasil. As alterações passam
a servir de base para exames e concursos no país.
Agora, só valem as
regras novas nas provas. Ao todo, oito países
falam oficialmente a língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Moçambique.
Com o acordo, a
língua escrita será a mesma. Boa parte das formas
escritas, no Brasil, como livros e publicações, já adaptaram seu vocabulário às
mudanças.
A maioria das
editoras e meios de comunicação adotaram as normas logo em janeiro de 2009,
assim como o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Embora a absorção já
esteja avançada, muita gente ainda se perde para identificar o que mudou.
Entre as alterações
mais complicadas estão o uso do hífen e a acentuação.
Uma das regras diz
que as palavras com letras iguais são separadas com o sinal de pontuação.
Nas com letras
diferentes, junta-se. Exemplo:
“anti-inflamatório” e “neoliberalismo”.
A acentuação
gráfica, altera, por exemplo, as oxítonas terminadas em “a”, “e”, “o”, “êm”,
“ém” e “êns” no plural ou singular.
É o caso de “voo”,
“enjoo”, “leem” e “veem”.
As paroxítonas
terminadas em ditongos crescentes, como “eia” e “oia”, não têm mais acento.
Por exemplo: “boia”,
“jiboia”, “ideia” e “assembleia”.
Como o trema foi
abolido, agora escrevemos “frequente” e “sequestro”.
PADRONIZAÇÃO – O objetivo da unificação é padronizar a
língua e facilitar a comunicação e o intercâmbio entre os oito países.
O professor e
presidente da rede de preparação para concursos Vestcon, Ernani Pimentel,
condena o acordo.
Para ele, o tratado
é uma imposição, por não ter sido decidido em um debate aberto, e complicar em
vez de simplificar.
A reforma seria
“retrógrada”.
“O acordo tem uma
vantagem em buscar a padronização do idioma em países de língua portuguesa, mas
há muitos problemas que não foram resolvidos”, avalia.
“Por exemplo, ‘x’ e
‘ch’ têm o mesmo som, mas por que não deixar um e eliminar o outro, economizar,
simplificar?
O acordo não fez
nada, não coordena nada.”
As tentativas de
unificar a ortografia da língua portuguesa são antigas.
A primeira vem desde
o século 20.
Em 1990, Portugal
estabeleceu o primeiro modelo ortográfico, obrigatório em publicações oficiais
e materiais de ensino.
À época, a Academia
Brasileira de Letras (ABL) e a Academia de Ciências de Lisboa apresentaram a
base do tratado ortográfico.
Ele deveria ter sido
colocado em prática em 1994, mas o projeto não foi confirmado por todos os
países-membros, que à época eram apenas sete, pois o Timor-Leste ainda não era
independente e nem sequer não falava a língua portuguesa oficialmente. (Estado
de Minas)
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