A situação do ministro do Turismo, o potiguar Henrique
Eduardo Alves (PMDB), é vista como “delicada” pelo cientista político e
professor da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN) Antônio Spinelli,
diante dos novos fatos envolvendo o auxiliar da presidente Dilma Rousseff. O
cientista destaca, no entanto, que as denúncias precisam ser apuradas “com
seriedade e isenção”, assim como as relacionadas a outros políticos potiguares
envolvidos em acusações, a exemplo do senador José Agripino (DEM), conforme
cita Spinelli.
Segundo
informou o Estado de S. Paulo na semana passada, o ministro do Turismo fez
lobby para a construtora OAS em dois tribunais de contas para evitar o bloqueio
de recursos para as obras da empreiteira na Arena das Dunas, em Natal, um dos
estádios da Copa de 2014.
As mensagens
sobre o lobby nos tribunais foram trocadas entre junho e julho de 2013. Em 14
de julho, Alves promete a Léo Pinheiro agir no Tribunal de Contas da União
(TCU): “Seg (segunda), em BSB (Brasília), vou pra cima do TCU. Darei notícias”,
diz o atual ministro do Turismo.
Em outra
mensagem, de 22 de junho de 2013, Henrique Alves diz a Léo Pinheiro que poderia
marcar com o presidente do TCE-RN, na época Paulo Roberto Alves, que é irmão do
senador Garibaldi Filho e primo de Henrique. “Tenho sim. E resolvo. Sou como
você…! Charles poderia me procurar seg (segunda) cedo em casa? Já marcaria com
o Pres TC, irmão do Garibaldi. Discutiríamos problema”, afirmou.
“A situação do
ministro, como a de outros denunciados, é delicada. É preciso que as denúncias
sejam apuradas, não deve existir tratamento diferenciado. Os tribunais de
contas, tanto União como dos Estados, são constituídos por políticos, em geral,
fracassados ou por pessoas que são apadrinhadas pelos governadores ou pelo
Governo Federal. São tribunais destituídos de autoridade, sobretudo autoridade
moral. Você vê o Tribunal de Contas da União, onde vários conselheiros,
inclusive o presidente, respondendo a processos”, disse o professor.
Ainda segundo
Spinelli, se houver indícios fortes do envolvimento do ministro em alguma
irregularidade, caberá aos órgãos competentes a abertura de um inquérito. “Se
ele se tornar réu, o que não significa uma culpa formada, mas é complicado para
alguém que é ministro de estado. Até chegar a esse estágio, se os indícios
forem fortes, a situação dele vai ficar delicada no governo federal”,
acrescenta.
A OAS, que
está sendo investigada na Operação Lava-Jato, foi uma das empresas que doaram
recursos para a campanha eleitoral de Henrique Alves ao Governo do Estado em 2014.
Ao todo a OAS doou R$ 3.100.000,00 em quatro doações durante a campanha. Henrique Alves recebeu quase R$ 16 milhões de empreiteiras envolvidas no Lava Jato. Veja Aqui
“Não é
possível que não dê em nenhuma investigação, até pelo volume das denúncias,
acho que a etapa da investigação virá com certeza. O Ministério Público se virá
obrigado a isso. É um caso a se aguardar, vamos ver o que virá. O clima
político é muito tenso, isso é um complicador a mais, há interesses muito
conflitantes e eu diria que uma denúncia desse nível deixa o denunciado em
situação delicada”, ressalta Spinelli.
Fonte: Agora RN
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