O informe tem como base as respostas de pesquisa
realizada com 13 mil empresários. 60% deles indicaram o “fracasso da
governabilidade” como o maior risco para se fazer negócios no Brasil hoje. A
taxa supera aqueles que consideram a falta de água ou de infraestrutura como os
maiores problemas.
No restante do mundo, porém, a questão da falência da administração pública
aparece apenas como o quarto maior risco e é apontado como problema para apenas
27% dos 13 mil entrevistados. Os maiores riscos globais, segundo Davos, seriam
a imigração e mudanças climáticas em 2016.
“Fracasso na governança nacional é uma preocupação proeminente na América
Latina, especialmente na América do Sul, onde a corrupção e a falta de
confiança no funcionamento das instituições estão cada vez mais criando
dificuldades para se administrar um negócio”, alertou.
O risco, segundo explica a pesquisa, se refere à “incapacidade de governar uma
nação, o que é a causa ou resultado de fatores como um fraco estado de direito,
corrupção, comércio ilegal, crime organizado, impunidade e impasse político”.
Davos também aponta que empresas são obrigadas a lidar com riscos adicionais ao
operar em países com uma administração fraca: um ambiente imprevisível e seguir
padrões, quando o próprio governo não segue os seus.
Infraestrutura
Outro obstáculo brasileiro e latino-americano é a situação da infraestrutura,
considerada ainda como inadequada. Para Davos, novos investimentos no setor
poderiam “estimular a economia e fortalecer a resistência da região a riscos
globais”.
Por fim, a queda nos preços de commodities também se apresenta como um risco
numa região que tem suas exportações baseadas em minérios, petróleo ou produtos
agrícolas.
“Preços baixos das commodities reforçam os desafios existentes, como a elevada
dívida pública e crescimento econômico baixo”, indicou. “Isso está associado a
um aumento d um risco de uma crise fiscal.”
Ao jornal O Estado de S.Paulo, a economista-chefe de Davos, Jennifer Blanke,
alertou que o Brasil desperdiçou sua chance de fazer reformas enquanto existia
um boom nos preços de commodities. “Agora, será muito mais difícil”, disse.
A presidente Dilma Rousseff era uma das figuras mais aguardadas no fórum neste
ano, já que parte dos 2,5 mil empresários esperava ouvir da brasileira o que
ela pretende fazer para restabelecer a confiança em seu governo. Mas ela acabou
cancelando sua viagem e o Brasil, neste ano, desembarca com uma delegação
pequena.
O governo será representado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, pelo
ministro de Minas e Energia, Eduarda Braga, e pelo presidente do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Mais de 50 chefe de governo ou Estado estarão neste ano na “Montanha Encantada”
de Davos, entre eles o argentino Mauricio Macri, o mexicano Enrique Pena Nieto,
o colombiano Juan Manuel Santos, mas também Alexis Tsipras (Grécia), David
Cameron (Reino Unido), Joe Biden (Estados Unidos) e o canadense Justin Trudeau.
Fonte: Tribuna do Norte
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