O vice-presidente
Michel Temer (PMDB-SP) afirmou em uma mensagem de 15 minutos gravada e
distribuída para integrantes do PMDB que é preciso "um governo de salvação
nacional", como se o impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara dos
Deputados. Segundo ele, o momento exige a "pacificação" e a
"reunificação" do país.
De acordo com a assessoria de imprensa da Vice-presidência o áudio é um
"ensaio" de Temer para o caso de o impeachment da presidente Dilma
Rousseff vir a ser aprovado na Câmara. Conforme a assessoria, a gravação da
mensagem foi uma "preparação" de Temer, que acabou divulgada
"sem querer" para um grupo de Whatsapp.
No áudio, Temer diz estar fazendo seu primeiro "pronunciamento à
nação". Ele diz que decidiu falar "agora, quando a Câmara dos Deputados
decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração
de processo de impedimento contra a senhora presidente". A assessoria do
vice-presidente confirmou a veracidade do áudio e disse que Temer enviou
"por acidente" aos aliados.
O vice ainda afirma que "muitos me procuraram para que eu desse pelo menos
uma palavra preliminar à nação brasileira, o que faço com muita modéstia,
cautela, moderação mas também em face da minha condição de vice-presidente e
também como substituto constitucional da senhora presidente da República".
Principais pontos
Na gravação, Temer
disse que:
- Manterá programas sociais como Bolsa Família, Pronatec e Fies
- Diz que é preciso um governo de "salvação nacional"
- Defende diálogo entre os partidos
- Afirma que a Câmara decide por "votação significativa" declarar a
autorização para a instauração de processo de impeachment
- Afirma que o processo de impeachment no Senado será longo
"Reunificação do país"
"A grande
missão, a partir deste momento, é a pacificação do país, a reunificação do
país, é o que eu repito, o que venho pregando, como responsável por uma parcela
da vida pública nacional. Devo dizer também que isso fica para – aconteça o que
acontecer no futuro – um governo de salvação nacional e união nacional",
declarou Temer.
Temer inicia a gravação afirmando que se dirige ao povo brasileiro sobre alguns
temas que devem ser “enfrentados” por ele. O vice-presidente destaca que deve
ter “muita cautela” porque há um mês se recolheu para não “aparentar” que
estaria trabalhando para ocupar o lugar da presidente Dilma.
Ao dizer que foi procurado por “muitos que estão aflitos” com a situação do
país, o peemedebista monta sua fala com base na eventual aprovação do
impeachment de Dilma.
“Agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa
declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a
senhora presidente, muitos me procuraram para que desse, pelo menos, uma
palavra preliminar à nação brasileira, o que faço com modéstia, cautela e muita
moderação, mas também em face da minha condição de vice e naturalmente
substituto constitucional da senhora presidente”, afirma Temer no áudio.
Em outro trecho da gravação, Temer diz ser preciso todos os partidos políticos
estejam dispostos a “colaborar” para tirar o país da crise. Na avaliação do
vice-presidente, sem a “unidade nacional”, será “difícil”.
Ao defender “diálogo” entre as legendas, Temer pede ainda “compreensão”. “E eu
não vou enganar ninguém. A ideia é que teremos sacrifícios pela frente. Sem
sacrifícios, não conseguiremos avançar para retomar o crescimento e o
desenvolvimento que pautaram a atividade do nosso país”, diz.
O vice afirma na gravação que dizem que se "outrem assumir, nós vamos
acabar com o Bolsa Família, vamos acabar com o Pronatec, vamos acabar com o
Fies. Isso é falso. É mentiroso e é fruto dessa política mais rasteira que
tomou conta do país. Nesse particular, quero dizer que vamos manter esses
programas e, se possível, revalorizá-los".
Processo no Senado
Tomando como base a
aprovação do impeachment na Câmara, Temer afirma que o processo no Senado será
“longo” e que suas palavras são “provisórias” porque é preciso aguardar a
decisão dos senadores.
O vice-presidente aproveita para “prestar homenagem” ao Poder Legislativo por
saber que a Câmara “debateu amplamente” o impeachment, assim como, afirmou, o
Senado o fará.
Temer ressalta que não quer “avançar o sinal”, mas diz ser “evidente” que ele
precisa estar preparado para enfrentar os “graves problemas que hoje afligem
nosso país”.
“Os brasileiros sabem que há mais de oito ou dez meses tenho feito
pronunciamentos referentes à pacificação do país, à unificação do país, porque
é chocante – para não dizer tristíssimo – verificar brasileiros controvertendo
entre si, disputando ideias e espaços. E quando parte para uma coisa quase
física, isto não pode acontecer no nosso país”, afirmou.
Crise econômica
No áudio, o
vice-presidente também fala sobre o atual cenário econômico do país. Ele
declarou que é necessário retomar o crescimento – o que não pode, disse, ficar
em “palavras vazias” – e afirmou ter “absoluta convicção” de que “a mudança
pode gerar esperança”, atraindo investimentos nacionais e internacionais.
“Precisamos restabelecer a crença no Estado brasileiro, nas potencialidades do
Estado brasileiro. Devo dizer aos que me ouvem que fiz muitas viagens
internacionais no primeiro mandato [de Dilma] e verifiquei o quanto os outros
países que têm muito dinheiro em suas mãos querem aplicar no Brasil. Ou seja,
querem acreditar no Brasil”, disse o vice na gravação.
“O que aconteceu nos últimos tempos foi um descrédito no nosso país e o
descrédito é o que leva à ausência do crescimento e faz retomar a inflação”,
acrescentou.
Com informações da
Folha de São Paulo/G1
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