A atual crise
econômica parece ter reforçado ainda mais a armadilha da renda média que prende
o Brasil. Com a pior recessão desde a década de 30, pelo menos, o
empobrecimento do País deve levar o Produto Interno Bruto (PIB) per capita ao
mesmo patamar de cinco anos atrás. Os recentes dados divulgados pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) mostram que o PIB per capita deverá encolher para
US$ 15 mil em 2016. Em 2011, era de US$ 15,1 mil.
A crise atual
marca uma inversão de tendência. Embora o País tenha enfrentado turbulências
internacionais ao longo dos anos, sempre conseguiu manter um avanço da renda.
No auge, em 2014, o PIB per capita brasileiro chegou a US$ 16,2 mil. A previsão
atual é que esse patamar só seja superado novamente em 2020. Dessa
forma, a economia brasileira deverá ficar um bom tempo estagnada na atual
década.
Os dados do FMI
foram calculados em Paridade do Poder de Compra (PPC). Ou seja: leva em conta
não o valor nominal da moeda local em relação ao dólar, mas quanto ela pode
comprar, o que torna possível a comparação entre os países. Dessa forma, mais
preocupante do que a queda da renda do brasileiro passa a ser a comparação com
outras economias. Neste ano, segundo o fundo, o PIB per capita da China será de
US$ 15,1 mil e ultrapassará o brasileiro pela primeira vez. Nos Estados Unidos,
por exemplo, a cifra chega a US$ 57,2 mil.
O caminho do
Brasil para voltar a crescer e, consequentemente, enriquecer, passa por três
desafios, segundo economistas. Nos próximos anos, será preciso elevar a taxa de
investimento, melhorar a qualidade da educação e, numa combinação desses dois
desafios, aumentar a produtividade. “Para o aumento da produtividade entram
questões mais estruturais, como a melhora de ambiente de negócios, que passa
por regulação, desburocratização, melhora do sistema tributário e abertura de
economia”, diz Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria
Integrada. Para a Tendências, quando se calcula o PIB per capita sem eliminar
os efeitos do câmbio, o futuro brasileiro será ainda mais pobre. Em 2026, a
renda média será de US$ 10.736.
Fonte: Estadão
0 comentários:
Postar um comentário