O advogado e ex-ministro José Eduardo Cardozo, defensor
da presidente afastada Dilma Rousseff, afirmou à reportagem nesta quinta feira
(7) que a decisão de Eduardo Cunha (PMDB RJ) de renunciar à Presidência da
Câmara coloca em xeque o processo de impeachment da petista. Cardozo chamou a
atenção para o fato de Cunha ter confessado, no discurso em que abdicou do
comando da Câmara, que "sem dúvida alguma" o marco da sua gestão foi
ter admitido a abertura do processo de impedimento contra Dilma.
"A fala
dele demonstra claramente o que estamos alegando desde o início, que houve
desvio de poder na decisão dele de admitir o pedido", disse Cardozo.
"Confirma exatamente que ele não fez aquilo diante de uma ilegalidade, mas
sim para atingir uma presidenta que não paralisava as investigações contra
ele", completou.
O defensor de Dilma disse que vai pedir a juntada do
pronunciamento de Cunha ao processo de impeachment que corre no Senado para
comprovar a irregularidade do pedido. Disse também que pretende estudar se
recorre novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base na manifestação do
agora expresidente da Câmara.
Para Cardozo, a decisão de Cunha, somada à falta
de provas de que Dilma cometeu crime de responsabilidade, pode dificultar uma
eventual condenação da presidente afastada pelo Senado. Para a petista ser
retirada definitivamente do cargo, Dilma terá de receber ao menos 54 dos 81
votos em um julgamento futuro.
O advogado da presidente afastada afirmou que,
por ora, não é possível dizer se houve um acordo do governo do presidente em
exercício, Michel Temer, para salvar o mandato de Cunha após a renúncia.
Cardozo disse que, se tiver sido mesmo firmado um acordo, o governo interino
vai responder por isso perante a sociedade.
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