A estiagem prolongada pelo quinto ano consecutivo
preocupa todo o Nordeste brasileiro. No Rio Grande do Norte não é diferente.
Mas, é em meio a esse cenário que surge a esperança. Os dessalinizadores de
água do mar podem ser a solução para transformar a água salgada (do oceano) em
potável, e assim abastecer grande parte dos municípios potiguares – que são castigados
pela seca.
A medida já está sendo estudada desde o ano passado pela Secretaria
do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), pelo Instituto de
Gestão de Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn) e outros órgãos. De
acordo com o titular da Semarh, Mairton França, o projeto é viável tecnicamente
e já tem uma concepção pronta, mas é preciso avaliar a viabilidade econômica
para o Estado.
A tecnologia já é aplicada em Israel. “A concepção está pronta.
Mas, é preciso a regulamentação da lei que prevê o uso do percentual de 3% de
energia eólica e solar para a dessalinização. Temos que definir procedimentos.
Sabemos que é viável tecnicamente, só estamos avaliando se é viável
economicamente”, afirmou Mairton.
Mairton conta que o Estado vem analisando o
projeto desde o ano passado. Macau seria o município por onde se deve começar o
trabalho. A cidade, que possui aproximadamente 25 mil habitantes, está
localizada numa ilha, banhada pelo desaguar do rio Piranhas/Açu e o oceano
Atlântico. Apesar de ser banhada por água, embora salgada, é uma das várias que
sofrem com a estiagem.
“Esse projeto é de máxima importância para o Estado, no
entanto não é a principal prioridade hoje porque estamos em calamidade e pela
questão financeira – porque precisamos de recursos e o Governo Federal está um
pouco fechado”, ressaltou o secretário.
Em contraponto a isso, por conta da
reutilização da água salgada, Israel tem se destacado. O país sofria severa
seca quando, em meados de 2007, através de incentivo do governo, quatro usinas
dessalinizadoras foram instaladas. O país recicla 86% de seu esgoto doméstico e
55% deste é aplicado na agricultura. De fato, um exemplo, tanto é que em
novembro de 2015 representantes da Semarh e Igarn foram a Israel conhecer de
perto o que pode salvar os potiguares da seca.
Diante da atual situação hídrica
não só do RN, mas do Nordeste, e as previsões climáticas negativas ao excesso
de chuvas, o projeto de dessalinização da água salgada tornase uma das
principais alternativas para combater a seca.
Em conversa com o
jornal MOSSORÓ HOJE, o secretário Mairton afirmou que os níveis dos
reservatórios continuam em situação preocupante. A barragem Engenheiro Armando
Ribeiro Gonçalves, a maior do Estado, chega pela primeira vez na história a
marcar 17% de sua capacidade total, que é de 2,4 bilhões de metros cúbicos de
água. Já o açude Itans, em Caicó, só terá água para abastecimento até fevereiro
de 2017. O reservatório está com apenas 5% de sua capacidade total, que é de
81,7 milhões de metros cúbicos. As regiões Seridó e Alto Oeste são as que mais
estão sofrendo com a seca.
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