Michel Temer não precisa mais de acusadores. O presidente
se tornou um caso raro de autoincriminação. Ele se complica cada vez que tenta
se defender. Espremendo-se tudo o que disse em pronunciamentos e entrevistas,
Temer produziu as seguintes evidências contra si mesmo: admitiu o diálogo com
Joesley Batista, que ele próprio diz ser um empresário desqualificado. Validou
trechos vexatórios da conversa gravada pelo pilantra. Entre eles o pedaço do
áudio que trata de Eduardo Cunha e da compra de um procurador e de juízes.
Temer confirmou ter indicado como seu interlocutor um deputado que depois seria
filmado recebendo mala de propina: R$ 500 mil.
Temer também declarou que recebeu o delator Joesley por
“ingenuidade”. Afirmou que “não sabia” que o amigo era investigado. Disse que o
ex-assessor pilhado com a mala de R$ 500 mil tem “boa índole, muito boa
índole”. Já que não pode mais realizar os seus sonhos, Temer tenta pelo menos
impedir a realização do pesadelo do surgimento de um novo delator.
Por tudo isso, Temer tornou-se um presidente precário.
Até a semana passada, sua prioridade era salvar o país, aprovando reformas no
Congresso. Hoje, seu objetivo estratégico é salvar o próprio pescoço. Enquanto
tenta desqualificar no STF a delação do corrupto que recebeu com toda fidalguia,
Temer pede aos aliados que retomem as votações no Congresso. Os partidos dão
corda ao presidente. E vão esboçando um Plano B à medida em que ele se enforca.
Fonte: Josias de Souza
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