Com uma capacidade cada vez mais limitada de fazer e
acontecer, Michel Temer tornou-se presidente de prioridade única. Ele se dará
por satisfeito se conseguir cumprir seu novo objetivo estratégico: não cair.
Compartilhou com pessoas de sua confiança duas inquietações. Receia que o
Tribunal Superior Eleitoral lhe casse o mandato. E teme que uma eventual
delação do ex-assessor Rodrigo Rocha Loures —o homem da mala— elimine sua
margem de manobra antes mesmo do início do julgamento do TSE, marcado para 6 de
junho.
Antes do pacote de delações da JBS, Temer havia apagado o
TSE da sua lista de problemas. Estimava que teria uma vitória na Justiça
Eleitoral pelo placar de pelo menos 4 a 3. As posições dos sete julgadores eram
antecipadas no Planalto como se o jogo estivesse jogado. Salvariam Temer os
ministros Gilmar Mendes, Tarcísio Vieira, Admar Gonzaga e Napoleão Nunes Maia.
Votariam pela cassação o relator Herman Benjamin, Rosa Weber e, talvez, Luiz
Fux.
Depois que vieram à luz os resultados da colaboração
judicial da JBS, o que o Planalto considerava um grande trunfo voltou-se contra
Temer. Dizia-se que a maioria dos ministros faria uma leitura atenuatória dos
fatos relacionados ao presidente para não conturbar uma administração que
começava a exibir resultados na economia.
Agora, o feitiço do julgamento político começa a se
voltar contra o feiticeiro, cuja permanência no cargo passou a ser vista como
ameaça à tímida recuperação dos indicadores econômicos. O Planalto ainda
contabiliza um placar de 4 a 3, só que contra a permanência de Temer.
Ironicamente, uma adesão do TSE ao ‘fora, Temer’, levaria
a um resultado mais técnico. O veredicto não precisaria comprar a fábula
segundo a qual Temer assumiu a cadeira de presidente por ser beneficiário dos
54 milhões de votos que os brasileiros deram a Dilma, mas não tem nada a ver
com a dinheirama suja que financiou a campanha que produziu esse resultado.
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