Tomado pelo teor de suas manifestações no julgamento
sobre a chapa Dilma-Temer, o ministro Herman Benjamin parece empenhado em
impedir o Tribunal Superior Eleitoral de se matar. Armou-se no plenário da
Corte máxima da Justiça Eleitoral uma encenação destinada a salvar o mandato de
Michel Temer e, de cambulhada, preservar os direitos políticos de Dilma
Rousseff. Parte do TSE deseja julgar o caso num país alternativo, um Brasil sem
Odebrecht. E Benjamin, relator do processo, desnuda a manobra. É como se ele quisesse
escancarar o comportamento de alto risco, oferecendo aos julgadores a
oportunidade de livrar a Justiça Eleitroal da auto desmoralização.
Conforme já noticiado aqui, as defesas de Temer e Dilma se juntaram para excluir
do processo todas as provas recolhidas sobre as doações tóxicas da Odebrecht à
campanha vitoriosa na disputa presidencial de 2014. Alega-se que, ao interrogar
delatores da construtora, Benjamin injetou no processo fatos novos, o que seria
ilegal. O relator demonstrou que não fez senão investigar tópicos inseridos na
petição inicial do PSDB, autor da ação. Fez isso, segundo deixou claro como
água de bica, seguindo deliberações tomadas pelo próprio TSE. Escorou-se
especialmente em decisão tomada em 2015 a partir de um voto de Gilmar Mendes,
amigo de Temer e presidente da Corte Eleitoral. Sob atmosfera eletrificada, Benjamin e Gilmar voltaram a trocar farpas.
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