Diante dos ataques do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, ao procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, a Associação Nacional dos Procuradores da Republica divulgou nesta segunda-feira uma nota de
repúdio em que classifica como “deplorável” o comportamento do ministro. Gilmar
disse hoje que considera Janot "o procurador mais desqualificado" que já passou pela
Procuradoria-Geral da República e que “não tem preparo jurídico nem emocional
para dirigir um órgão dessa importância”.
A nota assinada por Jose Robalindo Cavalcante, presidente da ANPR, afirma que as declarações
de Gilmar Mendes são “absolutamente sem base” e revelam “objetivos e opiniões
pessoais (além de descabidas)”.
“É deplorável que um Magistrado, membro da mais alta
Corte do País, esqueça reiteradamente de sua posição para tomar posições
políticas (muito próximas da política partidária) e ignore o respeito que tem
de existir entre as instituições, para atacar em termos pessoais o Chefe do
Ministério Público Federal”.
O texto lembra que Rodrigo Janot foi duas vezes o
candidato mais votado da lista tríplice eleita pelos procuradores da República
para a PGR e aprovado, nas duas ocasiões, pelo Senado. “Tudo isso a demonstrar
o apoio interno e externo que teve, mercê de seu preparo técnico, liderança e
história no Ministério Público Federal”, afirma a ANPR, que classifica o
trabalho do procurador-geral como “impessoal, objetivo, intimorato e de
qualidade”.
A associação de procuradores ainda ressalta que o
Ministério Público Federal “não age para perseguir ninguém, e não tem agendas
que não o cumprimento de sua missão constitucional” e afirma que “o MPF e suas
lideranças jamais se intimidarão. Estamos em uma República, e ninguém nela está
acima da Lei”.
O clima entre Rodrigo Janot e Gilmar Mendes azedou em
março deste ano, quando o ministro do STF acusou a PGR de estar por trás de
vazamentos ilegais de informações da Lava Jato. Sem citá-lo nominalmente, Janot
o rebateu discursando que os procuradores procuram se distanciar “dos banquetes
palacianos” — Gilmar é amigo de Temer e habitué de jantares nos palácios do Planalto
e do Jaburu — e que “alguns” pretendem “nivelar a todos à sua decrepitude moral
e, para isso, acusam-nos de condutas que lhes são próprias”.
Na semana passada, diante do novo pedido de prisão contra
o senador Aécio Neves (PSDB-MG) feito pelo procurador-geral, Gilmar Mendes
afirmou que “as delações todas, essas homologações sem discussão, o referendo
de cláusula, uma bagunça completa e ficou a reboque das loucuras do procurador.
Certamente o tribunal vai ter que se reposicionar (no segundo semestre), até
para voltar a um quadro de normalidade e de decência”.
0 comentários:
Postar um comentário