Mal a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República
chegou à Câmara e Michel Temer já reabriu os cofres. Mandou ladrilhar, com o
patrocínio do déficit público, a trilha que leva ao funeral das novas
acusações. O custo inicial do enterro será de R$ 1,02 bilhão. O dinheiro será
usado para pagar emendas que os parlamentares enfiaram dentro do Orçamento da
União.
A infantaria legislativa do
governo celebra a novidade como um sinal de boa vontade. Mas os aliados de
Temer acharam pouco. Realçam que o enterro agora será coletivo: além das
acusações contra o presidente, terão de sepultar imputações dirigidas a dois
ministros palacianos: Eliseu Padilha e Moreira Franco. Pior: o Planalto exige que
a lápide desça sobre a cova tripla numa única votação.
Os três são acusados de compor
a organização criminosa do PMDB. E Temer acumula a imputação de obstrução da
Justiça. Estudo jurídico feito pela assessoria da Câmara a pedido do presidente
da Casa, Rodrigo Maia, anota que a votação única para a trinca de denunciados
seria o procedimento mais adequado. Ouviram-se fogos no Planalto. Entretanto,
auxiliares de Temer ainda temem enfrentar problemas na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ).
Primeiro estágio do funeral, a
CCJ é presidida pelo deputado mineiro Rodrigo Pacheco. Embora seja filiado ao
PMDB, partido dos encrencados, o personagem revelou-se um correligionário duro
de roer no processamento da primeira denúncia, aquela que acusava Temer de corrupção
passiva.
À procura de um deputado
“independente” para exercer a atribuição de relator, Pacheco ainda não excluiu
a hipótese de desmembrar as denúncias: Temer numa votação, os ministros em
outra. Para evitar surpresas, Temer talvez tenha que enfiar a mão um pouco
mais fundo no bolso do contribuinte.
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