O economista Ferdinando C Burlamaque enviou ao ministro
Mendonça Filho um extenso documento onde, dentre outros pontos, defende o fim
da contratação de professores públicos por jornadas de trabalho, sejam de 20,
40 ou outro número qualquer de horas semanais.
Burlamaque é doutor em administração pública e
especialista em políticas educacionais, e opina que o melhor é pagar o
professor de acordo com a quantidade de aulas que ele efetivamente ministrar
por dia, semana ou mês.
Segundo assessores do MEC, Mendonça Filho está ansioso
para ler o documento e deverá se posicionar sobre a questão tão logo obtiver um
parecer técnico sobre o tema.
Para o Dr Burlamaque, o atual modelo de remuneração do
magistério está completamente falido. "Na prática, os governos fingem
que pagam e os professores fingem que trabalham. Exemplo disso é o piso
nacional da categoria, que prefeitos e governadores ignoram, o que leva os
educadores a greves e mais greves. Quem perde é a sociedade", diz.
O economista afirma que receber por hora-aula dada seria muito vantajoso para
os docentes, pois "ao invés de um salário fixo mensal que não sobe
nunca, o professor receberia de acordo com sua produção: quanto mais aulas no
mês, mais dinheiro no bolso. O pagamento poderia inclusive cair na conta toda
quinzena ou até por semana. Há tecnologia para isso", declara.
O especialista destaca também que "essa nova
metodologia de contratação ajudaria a afastar das redes públicas professores faltosos,
que incham a máquina e comprometem a valorização de quem de fato quer
trabalhar".
Armadilha
Para a educadora Graziella M Ibiapina, no entanto, tal
ideia não passa de uma armadilha para tentar induzir os professores a mais
sacrifícios e arrocho salarial. Ibiapina diz que esse método de pagar por hora
dada é totalmente inviável, pois levaria a sérios conflitos nas escolas. "Quem
determinaria, e sob quais critérios, que professor A ou B daria mais ou menos
aulas?, indaga.
A educadora destaca também que os professores virariam
uma espécie de máquinas caça-aulas, sem direito sequer a adoecer ou
eventualmente se ausentar para resolver problemas pessoais, pois teriam suas
produtividades rebaixadas no mês e os salários diminuídos ou até zerados. "É
uma lógica privatizante", alerta.
Tal projeto, pondera por fim a educadora, só interessa ao
próprio ministro privatista Mendonça Filho e à maioria de prefeitos e
governadores, que não têm compromissos com a educação pública ou melhorias para
os profissionais da área. "Uma furada, portanto", afirma. "O
correto é lutar por uma carreira e política salarial nacional que contemple os
anseio históricos do magistério", conclui.
Fonte: Mídia Popular
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