O Rio Grande do Norte é um Estado que parou no tempo.
Segue num modelo administrativo implantado nos anos 1970 que foi se mantendo
graças a maquiagem contábil, gambiarras orçamentárias e muito compadrio. Mesmo
quando algo mudou foi para continuar do mesmo jeito.
O último governador que pensou o Rio Grande do Norte para
as futuras gerações foi Cortez Pereira, primeiro chefe do executivo estadual do
ciclo biônico (escolhido pela via indireta) potiguar. Ele planejou e executou
um processo de desenvolvimento do Estado através da fruticultura irrigada e
turismo de sol e mar, sobretudo no litoral próximo a Natal.
Foi sucedido pela dinastia Maia que emplacou três
governadores consecutivos: Tarcísio, Lavoisier e José Agripino. O trio não
inovou, mas manteve o projeto de Cortez.
O modelo estava cansado quando Geraldo Melo se tornou
governador após a histórica vitória em 1986. Ele se desgastou porque não teve a
capacidade de inovar. Foi considerado o pior da história potiguar até o
surgimento da dupla “Ro-Ro” (Rosalba e Robinson).
De volta ao Governo do Estado após vitória em 1990, José
Agripino conseguiu reajustar as contas com programas de combate à sonegação
fiscal e demissões de servidores em situação irregular. Mesmo assim não
conseguiu evitar atrasos salariais.
Garibaldi foi governador entre 1995 e 2002. Também não
inovou. Foi uma gestão marcada pelo congelamento de salários e as vendas da
Cosern e Telern. Mesmo assim, o sufoco era grande a ponto de mudar o regime de
tributação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que
passou a ser pago de forma antecipada.
Wilma de Faria chegou ao poder em 2002 e foi reeleita em
2006. Teve a maior chance de mudar os rumos do Rio Grande do Norte, mas foi uma
gestão de muitas perdas por falta de infraestrutura. Foi na administração dela
que o regime de distribuição de recursos para os poderes foi modificado. O
Estado passou a fazer repasses acima dos limites estabelecidos pela
Constituição Federal.
Foi com Wilma também que tivemos a aprovação de planos de
cargos, carreiras e salários dos servidores sem estudo de impacto financeiro.
Ela foi a última governadora sem desgaste estratosférico, mas também é
responsável pelas tragédias administrativas que a sucederam.
Rosalba Ciarlini e Robinson Faria são legítimos representantes
desse modelo ultrapassado de governar cuja marca maior é a incapacidade de
inovar, atrair grandes investimentos e tornar a máquina pública menos
ineficiente.
O Rio Grande do Norte precisa romper com esse modelo dos
anos 1970 para reencontrar a trilha do desenvolvimento. O Estado teve muitas
perdas nos últimos anos justamente por não ter infraestrutura para oferecer em
troca de investimentos.
Não se trata apenas de uma mudança de mentalidade da
pessoa que vai sentar na cadeira de governador, mas também de uma profunda
revisão nos sobrenomes que ocupam espaços na bancada federal e Assembleia
Legislativa.
O modelo atual chegou ao fundo do poço e 2018 será a
grande oportunidade de o eleitor decidir se vai cavar mais ou jogará uma corda
de esperança para mudar essa realidade.
ALTERNATIVAS
O problema são as alternativas que não são boas para o
eleitorado. O prefeito de Natal, Carlos Eduardo, é um legitimo representante
desse modelo administrativo. Sua vitória seria mudar para continuar do mesmo
jeito.
O governador Robinson Faria já se mostrou incapaz de
mudar os rumos do Rio Grande do Norte. Não soube aproveitar a própria chance.
Uma eventual tentativa de reeleição seria uma subestimação a inteligência do
eleitor potiguar.
A senadora Fátima Bezerra lidera as pesquisas, mas é um
nome muito dependente de uma vitória presidencial de Lula para fazer um bom
governo. Ele não demonstra, até aqui, ser uma alternativa capaz de fazer frente
ao receituário da cartilha neoliberal para soluções de crises.
Fala-se em um outsider que seria o empresário Flávio
Rocha. Seria uma alternativa para quem defende um “estado empreendedor”, mas é
preciso lembrar que ele exerceu dois mandatos de deputado federal entre 1987 e
1995. Não se trata, necessariamente, de um nome novo. Ele, como o desembargador
Cláudio Santos, seriam os legítimos representantes da proposta neoliberal que
gera muita antipatia e desconfiança.
Até aqui ninguém se mostrou capaz de apresentar
alternativas para que o Rio Grande do Norte se liberte desse modelo tradicional
de gestão que tantos bons resultados rendeu ao Ceará e vai fazendo a Paraíba
nos deixar para trás.
O ano de 2018 será decisivo para traçarmos um novo rumo
ou mudarmos para continuar do mesmo jeito.
Fonte: Blog do Barreto
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