O governador Robinson Faria (PSD) sempre disse – e
repetiu à exaustão – que não cogita por nenhuma hipótese vender a Companhia de
Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN).
O discurso ficou ainda mais forte quando ele foi acusado
por executivos da JBS, em delação premiada, de ter recebido propina de R$ 10
milhões para a campanha eleitoral de 2014 e, em troca, daria o controle da
Caern ao grupo de Joesley Batista, caso fosse eleito governador.
Robinson é investigado, juntamente com o filho deputado
federal Fábio Faria (PSD). Ambos negam que tenham feito tal acordo com os
executivos da JBS.
Agora, técnicos do Tesouro Nacional sugerem que o
governador venda a Caern, como parte do processo de inserir o Rio Grande do
Norte no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o que permitiria a União socorrer
o caixa vazio do RN.
A sugestão dos técnicos deixam o governador em situação
bem delicada. Se ele não aceitar, dificilmente o Estado terá a ajuda do Tesouro
Nacional; e se aceitar, dará respaldo ao processo que investigar o seu suposto
envolvimento com a JBS.
A possibilidade de venda da Caern, que agora deve ser
vista como um fato real, é semelhante ao que ocorreu com a companhia de águas e
esgotos do Rio de Janeiro. Em 2017, o governo carioca teve que vender a empresa
como contrapartida ao Governo Federal para aderir ao RRF. Em processo de venda,
a empresa carioca servirá de garantia para um empréstimo de R$ 3,5 bilhões.
Não é só isso. Os técnicos do Tesouro Nacional também sugeriram que o
governo federalize a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN),
dando vazão ao discurso de que a única instituição de ensino superior estadual
é um “peso” para o cofre do Estado. Nesse caso, Robinson ganha fôlego para
conduzir o processo, porém, se desgastará ainda mais com o segmento
universitário, que vê no seu governo um “inimigo” da Universidade.
Lembrando que os professores da Uern estão em greve desde
o dia 10 de novembro de 2017, reclamando atrasos de salários iniciados em
janeiro de 2016. Os técnicos-administrativos também aderiram ao movimento, pelo
mesmo motivo.
O governador Robinson Faria ainda não se pronunciou sobre
as sugestões apresentadas pelos técnicos do Tesouro Nacional. Apenas o controlador-geral
do Estado, Alexandre Azevedo, indicou que o governo tratará do tema quando o
relatório da equipe federal for finalizado.
O Rio Grande do Norte vive a pior crise financeira de sua
história. Desde o início de 2016 que o governo não consegue honrar compromissos
básicos, como manter em dia a folha salarial do funcionalismo. Por
consequência, os serviços públicos estão comprometidos.
A greve dos professores e técnicos-administrativos da
Uern já comprometeram um período do calendário letivo; a paralisação dos
servidores da saúde, iniciada no dia 13 de novembro, compromete unidades em
todo o Estado; e o pior foi a paralisação das forças de segurança pública, que
castigaram a população no final de 2017, quando foram registradas quase 80
assassinatos e mais de 700 ações marginais como arrombamentos, roubos,
assaltos, arrastões. A situação só foi controlado com a chegada de 2 mil homens
da Força Nacional, distribuídos em Natal e Mossoró.
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