Que o Rio Grande do Norte é conhecido pela produção de
frutas tropicais irrigadas já não é novidade, mas o que pouca gente ainda sabe
é que o estado agora está começando a ser um produtor de frutas não tão comuns
para a região. A uva, por exemplo, já é uma realidade em algumas áreas
potiguares e é uma cultura promissora. A introdução da viticultura no semiárido
ganhou força com a pesquisa de Django Jesus Dantas, aluno do pós-doutorado do
Programa de Fitotecnica da Ufersa.
Django iniciou os experimentos com uva no semiárido em 2010 na Fazenda
Experimental da Ufersa. Nesses 8 anos, já foram realizadas inúmeras análises
com ótimos resultados. O pesquisador iniciou os testes com as variedades de uva
Itália, Izabel e Niagara e de uns tempos pra cá começou a experimentar também
variedades de uvas sem sementes do tipo Ísis e Vitória lançadas pela Embrapa em
2013 e atualmente bem produzidas no Vale do São Francisco, entre Pernambuco e
Bahia.
No Rio Grande do Norte, a variedade Ísis começou a ser plantada graças a
um Acordo de Cooperação Técnica entre a Ufersa, o IFRN e o SEBRAE. O plantio
foi realizado numa área do Instituto Federal, em Apodi, com o acompanhamento do
pesquisador Django e também dos professores Glauber Henrique Nunes, da Ufersa,
e Renato Alencar, do IFRN. Pelo que foi firmado, as pesquisas com as variedades
da uva ficaram sob a responsabilidade da Ufersa e do IFRN e a extensão, a
iniciativa de levar o projeto para produtores, ficou a cargo do SEBRAE.
Plantados em janeiro de 2017, os primeiros parreirais da variedade Ísis no
RN já cresceram em média 1,80 metro e estão dando os primeiros cachos. As uvas
enchem os olhos dos pesquisadores e de todos os visitantes. Segundo Django,
esse experimento testa duas variedades copa e duas variedades porta-enxerto. Com
os cachos formados, a colheita se aproxima e mais análises também. As uvas sem
sementes estão sendo avaliadas em laboratórios para verificar, entre outras
características, o “brix” que é o teor de doçura da fruta. A ideia é deixar as
uvas na condição necessária para a exportação.
As pesquisas realizadas logo no início na Fazenda Experimental da Ufersa e
agora no IFRN comprovam que o Rio Grande do Norte, mais precisamente o seu
semiárido, tem um grande potencial para o desenvolvimento da viticultura, que já
é uma realidade em algumas áreas. Em Martins, na Região Serrana, por exemplo,
tem produtores plantando uvas com o objetivo de abrir uma vinícola.
Segundo Django, as pesquisas começaram e devem ter continuidade. A
produção de uvas no Rio Grande do Norte chega para diversificar a produção e
assim mexer na cadeia produtiva onde tem o melão como um dos principais
produtos de exportação no momento.
A uva foi a primeira a ser testada, mas o professor da Ufersa, Glauber
Nunes, adianta que novas cultivares também começarão a ser experimentadas no
semiárido em breve como a maçã, a pêra, o pêssego e o caqui. Todas essas
pesquisas e análises mostram a importância da ciência para a sociedade e para o
Brasil.
Fonte: Ufersa.
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