Os números revelados pela pesquisa Datafolha na
noite dessa quarta-feira (10/10) confirmam o favoritismo de Jair
Bolsonaro (PSL) sobre Fernando Haddad (PT) na corrida sucessória
ao Palácio do Planalto. No primeiro levantamento para o segundo turno da
eleição presidencial, considerando-se apenas os votos válidos, o capitão
reformado tem 58% dos votos, contra 42% do ex-prefeito de São Paulo.
Trata-se de uma diferença significativa, mas insuficiente
para garantir a vitória do líder. São 16 pontos percentuais de distância a 18
dias da palavra final das urnas. Apesar da folga, essa margem recomenda cautela
a Bolsonaro e alimenta a esperança de Haddad na virada do jogo.
Na conta de especialistas em campanhas, o petista precisa
tirar oito pontos do adversário para empatar a disputa. Numericamente, essa é
uma meta mais plausível do que obter 16 pontos percentuais de indecisos. Não
que seja uma tarefa fácil. Mas tampouco ela é impossível.
Para tentar reverter a vantagem, nesse contexto, a equipe
de Haddad buscará explorar falhas na campanha de Bolsonaro. Os petistas
identificam, por exemplo, o viés da violência como um dos flancos
vulneráveis do candidato do PSL.
A morte do mestre de capoeira Romualdo Rosário da
Costa, conhecido como Moa do Katende, depois de uma briga com um eleitor de
Bolsonaro, por exemplo, será repercutida com intensidade pela campanha de
Haddad.
Gestos com alusão a armamentos, como os que foram feitos
pelo candidato do PSL ainda hospitalizado, também se enquadra no tipo de
comportamento que os petistas pretendem usar para apresentar o adversário como
um político que estimula a violência e a intolerância.
Na lista de pontos fracos de Bolsonaro apontados pela
equipe de Haddad está o caso de Paulo Guedes, o do Posto Ipiranga, escolhido
pelo presidenciável do PSL para comandar a economia do país caso vença a
eleição. Denúncia publicada nesta quarta-feira (10) pela Folha de S. Paulo
mostra que o Ministério Público Federal investiga o economista por suspeita de
fraude em negócios com fundos de pensão.
A acusação envolve Guedes com fundos controlados por MDB
e PT durante os governos Lula e Dilma. Ele teria sido beneficiado com R$ 400
milhões nessas operações. Como o candidato do PSL tem como um dos principais
motes de campanha as denúncias de corrupção acumuladas pelas administrações
petista, o envolvimento do economista em investigações desse tipo representa
uma contradição importante a essa altura da campanha.
Outro gesto de Bolsonaro considerado equivocado pelos
petistas foi a entrevista exibida pela Record TV no mesmo momento em que os
concorrentes à Presidência debatiam na TV Globo às vésperas do primeiro turno.
Esse movimento incomodou a emissora da família Marinho e, agora, os petistas
esperam que o descontentamento leve a, pelo menos, equilíbrio no noticiário.
Na noite dessa quarta-feira, a Globo deu com destaque a
denúncia contra Paulo Guedes. Esse é um sinal de que a emissora, pelo menos,
não quis proteger Bolsonaro“
Mesmo com esses problemas, o candidato do PSL desfruta de
situação bastante vantajosa. O primeiro turno mostrou que os eleitores
pesselistas se identificam com suas ideias e têm grande poder de engajamento e
de mobilização, principalmente, pelas redes sociais.
Também deve-se levar em conta que, assim como Bolsonaro,
Haddad está sujeito a cometer erros que podem ser explorados pelo adversário.
De qualquer forma, os números do Datafolha autorizam a previsão de que os
próximos 18 dias serão uma temporada de ataques entre os dois e de tensão nas
campanhas.
0 comentários:
Postar um comentário