Foto: Arquivo pessoal/Usado pela própria jornalista no post do Facebook sobre o tema
Chamou a atenção dos usuários da Rede Social
Facebook na manhã desta segunda-feira desabafo da jornalista Juliana Celli. Ela
afirma ter sido agredida verbalmente pelo deputado estadual Getúlio Rego, por
questões de declaração de voto.
Confira na íntegra o desabafo da jornalista, possível de
se ler na página do Facebook dela:
"Como jornalista, talvez esse seja o texto mais
difícil que já escrevi. Olhos cheios de lágrimas, coração apertado, dúvidas
sobre o que pode acontecer comigo a partir de agora. Mas muita vontade de dar a
minha contribuição de viver num mundo melhor, pra mim e pra minha filha. Decidi
não me calar.
Na última quinta-feira (11/10) eu fui vítima da
intolerância política que estamos testemunhando no país e que chegou no seu
mais grave momento com a chegada do segundo turno das eleições.
Eu já noticiei tanto sobre esses casos que estão
acontecendo. O último, o de uma médica, no serviço público do Rio Grande do
Norte, que rasgou uma receita porque ao perguntar em que candidato o paciente
votaria, ele afirmou votar no candidato do PT. Fiquei indignada!
Mas, jamais pensei passar por isso. Estava
enganada!
Na quinta-feira pela manhã eu estava trabalhando quando
um superior fez o sinal usado pelo candidato Bolsonaro, aquele que simula duas
armas. Ele me perguntou se eu estava pronta pra fazer o tal gesto. Eu falei que
não faria porque não voto nesse candidato, na verdade decidi não votar em
nenhum dos dois candidatos postos por não concordar nem com um nem com o outro.
Foi aí a minha supresa, o superior, o deputado estadual Getúlio Rêgo, que até
então sempre tive uma boa convivência, começou a me insultar. Ouvi palavras
como corrupta, mentirosa, e que eu deveria pedir exoneração do meu cargo (de
confiança). Ele estava completamente alterado, falando alto, gesticulando em
minha direção. Por um momento, pensei em explodir, me contive. Consegui me
manter firme e respeitosa, mesmo que muito constrangida, principalmente pelo
fato de na hora estar conduzindo convidados para uma reunião de trabalho.
Argumentei que o voto é livre, e eu podia votar em quem quisesse ou até mesmo
me omitir. Ele continuou esbravejando, na frente deles e de mais alguns
servidores, que eu deveria votar em quem meu chefe mandasse. Eu voltei a
argumentar que não estávamos mais no tempo de “votos de cabrestos”, algo muito
utilizado nos “currais” eleitorais e que meu chefe direto é democrático, jamais
iria me obrigar a votar em quem eu não quisesse.
Ele continuou sem respeitar a minha decisão. Se alterou
ainda mais, falando em tom ameaçador. Eu decidi encerrar o assunto entrando na
sala para participar da reunião que estava programada. Pedi desculpas aos
convidados pelo ocorrido, mantive a calma para terminar aquela demanda, mas
depois desabei. Conversei com colegas, ouvi familiares, procurei um
advogado.
Algumas pessoas disseram que seria meu fim eu expor esse
assunto, outras me apoiaram, me incentivaram. Passei alguns dias analisando
sozinha, pedindo a Deus uma resposta, deixando a “poeira” baixar e a emoção ser
controlada para aí sim tomar uma decisão mais acertada.
Se eu, jornalista, assessora de imprensa, apresentadora
de um jornal na rádio, de um programa de TV, não pode falar, quem pode?
As milhares de mulheres e homens que estão passando por
isso em seus empregos em todo país ou em outros locais?
Não. Eu digo não à intolerância política!!!
O voto é livre!!! Se você vota num candidato que eu tenho
repulsa eu preciso respeitar.
Não deixe ninguém lhe dizer que você é menos inteligente
ou menos cidadão por isso.
Se você quer votar em Haddad, vote livremente. Se você
vota em Bolsonaro, vote livremente. Se quiser votar em branco, nulo, vote
livremente.
Em tempos de #elenão e #elesim eu o convido a levantar
uma bandeira muito mais importante, a da tolerância. Essa é a minha campanha.
#intoleranciaNao #toleranciasim"
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